Amigos, ocupo-me nesta hora, a fazer algo que sempre desejei, mas que protelava dia após dia, deixando sempre para depois, algo que agora reconheço já deveria ter feito há muito tempo. Trata-se de um artigo em que pudesse me expressar de forma equilibrada e sem os constantes arrepios de indignação que praticamente a todo instante me assaltam e me tiram a tranqüilidade, deixando-me realmente pasmo diante de tanta agressão à moral e dignidade e tamanha falta de respeito dos meios de comunicação que nos invadem a intimidade familiar, nos diversos veículos da mídia tais como: jornais, revistas, rádios e programas de televisão que assistimos, em horário nobre, em plena luz do dia.
Posso citar vários deles, desde os tais programas de entretenimento, novelas, e muitos dos programas ao vivo, com apresentadores inescrupulosos e indecentes, que falam palavrões, como se estivessem em algum lugar privado, proibido a pessoas decentes e sensíveis, educadas e honradas, o que na realidade nossos lares não o são verdadeira e definitivamente.
Não pretendo passar aqui por pseudo-moralista, piegas, ou santo, pois, reconheço que ainda estou distante dessas qualidades, que um dia pretendo possuir por completo, mas, não sou também da mesma maneira, nenhum depravado, indecente ou idiota, que não possa ver e desaprovar as investidas desses infelizes e desrespeitosos covardes, contra a dignidade dos leitores, ouvintes ou telespectadores que os assistem, entregues à própria sorte já que os representantes da nossa sociedade, ou são cegos e surdos todos sem exceção, ou pouco estão se incomodando com a falta de respeito e dignidade dos textos produzidos e vendidos sem qualquer fiscalização, assim como os inúmeros programas exibidos pelas emissoras de rádio e televisão abertas ou fechadas, cedo ou tarde da noite.
Um bom exemplo para o que estou dizendo, pode ser verificado a cada transmissão das partidas de futebol pelas televisões, em qualquer horário, pois, os palavrões que os técnicos, jogadores, e dirigentes falam em alto e bom tom, não nos deixa a menor dúvida de que essas pessoas não têm o menor respeito ou cuidado com quem está atrás de um aparelho de rádio ou TV, em seus lares, que são na verdade merecedores de consideração e dignos de não terem esses péssimos exemplos sendo apresentados às suas crianças, e jovens que com seus pais assistem a essas aulas de indecências, de quem deveria primar pelo respeito e pela valorização da moral, principalmente perante os pequeninos, sem falar nas decentes senhoras de idade já bem avançadas que são obrigadas, por não serem surdas, e, por gostarem de ver uma partida de futebol, a se sujeitarem a esse tipo de desrespeito.
Também as novelas, são portadoras de cenas tão agressivas e indecentes, que se tornam fábricas de desarmonia e desgraças para muitos dos jovens que acreditam, por inexperiência, que a vida se passa de acordo com os tramas dos respectivos personagens, no que diz respeito principalmente ao sexo e ao sucesso que eles sempre alcançam, que fico vermelho quando estou na casa de alguém que as acompanham, pois, graças a Deus na minha residência, não assistimos essa praga que se chama novela; preferimos assistir a documentários, leituras edificantes, jornais ou outras opções que nos possam acrescentar algo de útil em nosso dia-a-dia.
Sabemos que esse lixo imoral, exibido pelos veículos de comunicação são resultados obtidos por pesquisas que realizam em comunidades de grande densidade populacional, onde o poder público não garante sequer a mínima condição de vida e lazer para essas pessoas, que diante de tanta desgraça e miséria, não vê alternativa diferente, senão ligar seus aparelhos de televisão e pagar para assistir a decadência e a inoperância da Lei e da ordem, no completo desprezo aos valores éticos e morais que deveriam ser incentivados, defendidos e implantados em todos os programas que fossem levados ao ar.
Em O Livro dos Espíritos, encontramos na matéria que segue a razão que nos dá a convicção de que como espíritas, seguidores dos ensinos de Jesus, não mais podemos continuar a ficar de braços cruzados assistindo a tudo o que está acontecendo, esperando que os Espíritos façam o que a nós cabe realizar em prol do bem e da paz.
O bem e o mal
629. Que definição se pode dar da moral?“
A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.”
630. Como se pode distinguir o bem do mal?
“O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.”
631. Tem meios o homem de distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal?
“Sim, quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu inteligência para distinguir um do outro.”
632. Estando sujeito ao erro, não pode o homem enganar-se na apreciação do bem e do mal e crer que pratica o bem quando em realidade pratica o mal?
“Jesus disse: vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis.”
633. A regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, é inaplicável ao proceder pessoal do homem para consigo mesmo. Achará ele, na lei natural, a regra desse proceder e um guia seguro?
“Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida daquilo de que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois punidos. Em tudo é assim. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades.Se ele ultrapassa esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz que lhe diz - basta, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à Natureza.”
634. Por que está o mal na natureza das coisas?
Falo do mal moral. Não podia Deus ter criado a Humanidade em melhores condições?“Já te dissemos: os Espíritos foram criados simples e ignorantes (115). Deus deixa que o homem escolha o caminho. Tanto pior para ele, se toma o caminho mau: mais longa será sua peregrinação. Se não existissem montanhas, não compreenderia o homem que se pode subir e descer; se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros. É preciso que o Espírito ganhe experiência; é preciso, portanto, que conheça o bem e o mau. Eis por que se une ao corpo.” (119)
635. Das diferentes posições sociais nascem necessidades que não são para todos os homens. Não parece poder inferir-se daí que a lei natural não constitui regra uniforme?
“Essas diferentes posições são da natureza das coisas e conformes à lei do progresso. Isso não infirma a unidade da lei natural, que se aplica a tudo.”As condições de existência do homem mudam de acordo com os tempos e os lugares, do que lhe resultam necessidades diferentes e posições sociais apropriadas a essas necessidades. Pois que está na ordem das coisas, tal diversidade é conforme à lei de Deus, lei que não deixa de ser una quanto ao seu princípio. À razão cabe distinguir as necessidades reais das factícias ou convencionais.
636. São absolutos, para todos os homens, o bem e o mal?
“A lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade.”
637. Será culpado o selvagem que, cedendo ao seu instinto, se nutre de carne humana?
“Eu disse que o mal depende da vontade. Pois bem! Tanto mais culpado é o homem, quanto melhor sabe o que faz.”As circunstâncias dão relativa gravidade ao bem e ao mal. Muitas vezes, comete o homem faltas, que, nem por serem conseqüência da posição em que a sociedade o colocou, se tornam menos repreensíveis. Mas, a sua responsabilidade é proporcionada aos meios de que ele dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos.
638. Parece, às vezes, que o mal é uma conseqüência da força das coisas. Tal, por exemplo, a necessidade em que o homem se vê, nalguns casos, de destruir, até mesmo o seu semelhante. Poder-se-á dizer que há, então, infração da lei de Deus?
“Embora necessário, o mal não deixa de ser o mal. Essa necessidade desaparece, entretanto, à medida que a alma se depura, passando de uma a outra existência. Então, mais culpado é o homem, quando o pratica, porque melhor o compreende.”
639. Não sucede freqüentemente resultar o mal, que o homem pratica, da posição em que os outros homens o colocam?
Quais, nesse caso, os culpados?“O mal recai sobre quem lhe foi o causador. Nessas condições, aquele que é levado a praticar o mal pela posição em que seus semelhantes o colocam tem menos culpa do que os que, assim procedendo, o ocasionaram. Porque, cada um será punido, não só pelo mal que haja feito, mas também pelo mal a que tenha dado lugar.”
640. Aquele que não pratica o mal, mas que se aproveita do mal praticado por outrem, é tão culpado quanto este?
“É como se o houvera praticado. Aproveitar do mal é participar dele. Talvez não fosse capaz de praticá-lo; mas, desde que, achando-o feito, dele tira partido, é que o aprova; é que o teria praticado, se pudera, ou se ousara.”
641. Será tão repreensível, quanto fazer o mal, o desejá-lo?
“Conforme. Há virtude em resistir-se voluntariamente ao mal que se deseja praticar, sobretudo quando há possibilidade de satisfazer-se a esse desejo. Se apenas não o pratica por falta de ocasião, é culpado quem o deseja.”
642. Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?
“Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”
643. Haverá quem, pela sua posição, não tenha possibilidade de fazer o bem?
“Não há quem não possa fazer o bem. Somente o egoísta nunca encontra ensejo de o praticar. Basta que se esteja em relações com outros homens para que se tenha ocasião de fazer o bem, e não há dia da existência que não ofereça, a quem não se ache cego pelo egoísmo, oportunidade de praticá-lo. Porque, fazer o bem não consiste, para o homem, apenas em ser caridoso, mas em ser útil, na medida do possível, todas as vezes que o seu concurso venha a ser necessário.”
644. Para certos homens, o meio onde se acham colocados não representa a causa primária de muitos vícios e crimes?
“Sim, mas ainda aí há uma prova que o Espírito escolheu, quando em liberdade, levado pelo desejo de expor-se à tentação para ter o mérito da resistência.”
645. Quando o homem se acha, de certo modo, mergulhado na atmosfera do vício, o mal não se lhe torna um arrastamento quase irresistível?
“Arrastamento, sim; irresistível, não; porquanto, mesmo dentro da atmosfera do vício, com grandes virtudes às vezes deparas. São Espíritos que tiveram a força de resistir e que, ao mesmo tempo, receberam a missão de exercer boa influência sobre os seus semelhantes.”
646. Estará subordinado a determinadas condições o mérito do bem que se pratique? Por outra: Será de diferentes graus o mérito que resulta da prática do bem?
“O mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo. Nenhum merecimento há em fazê-lo sem esforço e quando nada custe. Em melhor conta tem Deus o pobre que divide com outro o seu único pedaço de pão, do que o rico que apenas dá do que lhe sobra, disse-o Jesus, a propósito do óbolo da viúva.” 1
Penso que chega de tanta indiferença de todos nós cidadãos brasileiros diante desse desafio que se apresenta como uma doença aparentemente incurável, que é o alastramento da desordem e do desrespeito aos valores morais do homem, e, ante a árdua e inevitável tarefa de moralização dos meios de comunicação, vamos todos juntos, levantar nossa voz e empregar nossos melhores recursos sejam quais forem os que estiverem ao nosso alcance, na certeza de que, com a graça de Deus nosso Pai e Criador, cedo ou tarde, conquistaremos a vitória da luz sobre a treva da ignorância, e possamos definitivamente respeitar e sermos também respeitados.
Comecemos a movimentar nossas mãos, utilizando-nos dos recursos que a tecnologia nos oferta, e enviemos imediatamente nossos protestos para o e-mail que segue,
eticanatv@camara.gov.br, para que os nossos legítimos representantes possam ter um imediato motivo para notarem que ainda existem criaturas preocupadas em defender a dignidade e exigir o devido respeito aos ouvintes, leitores ou telespectadores da mídia em geral, nas matérias ou nos programas que pagamos para ler, ouvir ou assistir em nossas residências, que não são exatamente o que eles pensam que seja.
Chega do papo furado e sem sentido de: “quem está insatisfeito que mude de canal”, ou outro qualquer, pois, sabemos bem que todos eles exibem essas torpezas e não adianta simplesmente mudar de leitura ou canal, a mídia é que tem de mudar a visão sobre os absurdos que comete contra a sociedade, isso sim, é o que precisa urgentemente acontecer.
Fonte:
1) Livro dos Espíritos – FEB, 76ª edição.Grande abraço,
Francisco Rebouças