Saudei-o apertando sua mão e interroguei-o: em que instituição espírita o senhor trabalha dando aulas para esses jovens?
Foi então, que um pouco sem jeito ele me disse; não trabalho em nenhuma instituição espírita, pois, sou evangélico, e, essa matéria que procuro li em uma edição do jornal de vocês em uma banca de jornais daqui de Niterói, e anotei o endereço para vir aqui fazer algumas anotações para a aula que darei para minha turma amanhã, pois, sou professor de biologia, e me encantei com a matéria do jornal.
Convidei-o a entrar, e logo após, lhe trouxe a tal edição que ele estava procurando, de onde então ele pode fazer suas anotações sobre a matéria lá exposta que fala sobre os animais, o professor então me explicou que gostaria de colocar o tema em sua sala de aulas, por que achou maravilhosa a maneira como o espiritismo explica as questões que envolvem a vida dos animais, para que seus alunos possam ter essa nossa visão tão bela, segundo sua própria avaliação.
Após suas anotações dessa e de outra matéria “Depois da Morte”, que faz parte da atual edição do Correio Espírita, de fevereiro/2009, começamos a trocar idéias sobre religião e suas interpretações pelas diversas correntes religiosas, quando para minha surpresa o professor me confessou que discorda de muitas das interpretações dadas por sua religião para as palavras de Jesus contidas nos evangelhos.
Então lhe indaguei, porque não buscar outras interpretações sobre essas suas discordâncias, porque aceitar passivamente goela a baixo aquilo que não o satisfazia como interpretação para as palavras do Mestre de Nazaré?
Ele sorriu sem graça e disse-me, é que não podemos contestar a palavra do Pastor, temos que aceitar.
Mas, continuou ele, gosto muito mais das interpretações dadas pela sua doutrina, são mais de acordo com o que eu penso, e, estou propenso até mesmo em pedir permissão ao Pastor para comprar o Jornal, se ele permitir então poderei acompanhar o excelente trabalho de vocês.
Foi aí que surpreendido, lhe perguntei: O Senhor tem que pedir ao Pastor permissão para comprar o Jornal?
Pergunta que ele respondeu afirmativamente; foi então, que certamente inspirado pelos Espíritos amigos responsáveis pelo trabalho de divulgação do evangelho de Jesus me pus a falar; iniciei explanando sobre nossa capacidade de saber o que nos é mais propício como adultos, responsáveis, pais de família, profissionais competentes, com cultura intelectual a ponto de exercermos com esmero, entre outras belas profissões, a de “professor”, como ele mesmo, e, ainda precisamos da autorização de “Pastores”, ou quaisquer outras denominações dos representantes das inúmeras correntes religiosas, existentes mundo a fora, para nos dizer o que melhor felicita o nosso coração? Não é seu o dinheiro ganho com seu trabalho, que será empregado para comprar o que o Senhor desejar, ou é representante da sua Igreja?
Continuei discorrendo sobre a história dos evangelhos, e de como foram desfigurados dos autênticos ensinos de Jesus, que não fundou religião alguma e resumiu as Leis e os Profetas em “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, e continuei com muitos outros argumentos de esclarecimento e libertação contidos em nossa consoladora e esclarecedora doutrina, para nos proporcionar felicidade e paz interior.
Citei as agressões descabidas e insanas sofridas por vários irmãos espíritas, e ainda as depredações provocadas pelos ataques dos donos da verdade, contra instituições religiosas espíritas ou não, que a imprensa tem mostrado em muitos casos, e que são executadas por religiosos que se intitulam “CRISTÃOS”, e lhe indaguei o Senhor pode aceitar que em nome de Jesus, se pratique essas covardias?
O Professor como homem de bem balançou a cabeça desaprovando esses atos bárbaros e reconheceu que são praticados por pseudo- religiosos.
Segui com as explicações..., o visitante escutava balançando a cabeça de forma a concordar com tudo o que lhe dizia, em seguida, passei-lhe novamente a palavra e ele então me disse: é isso que penso, mas..., o senhor deve saber como é visto o espiritismo por minha religião.
-“É visto como coisa do Diabo, respondi”.
Ele confirmou dizendo, isso mesmo; depois continuou: eu mesmo já fui espírita, e acabei indo para a Igreja que freqüento, pois, lá no centro eram feitas coisas que não me agradavam, coisas de centro espírita, o senhor deve saber.
-Respondi ao professor dizendo, meu amigo, você nunca foi espírita, me desculpe, e o centro que você diz ter ido é com absoluta certeza um centro espiritualista, não um centro realmente espírita, esse é o grande problema daqueles que falam do que desconhecem sobre a doutrina espírita, na casa espírita que freqüento e nas outras casas verdadeiramente espíritas que conheço, nada de estranho ou anormal é feito, tudo segue explicitamente o contido nos ensinos e exemplos deixados por Jesus de Nazaré. Quem encontra a verdadeira mensagem espírita, e a compreende, jamais trocará a fé raciocinada proposta pela doutrina espírita pela fé sem base alguma que fere nossa capacidade de pensar como seres racionais que somos, ensinadas em diversas outras religiões.
Acho que fui a lugar errado, pelo que estou vendo, disse-me o Professor .
-Ao que ratifiquei dizendo-lhe, sem qualquer sombra de dúvidas.
Perguntou-me sobre reencarnação e outros assuntos, e, depois das explicações que lhe passei, fundamentadas na doutrina espírita, ele acabou por aceitar confessando que são muito mais lógicas do que as explicações dadas por seus instrutores religiosos, com argumentos tão destituídos de lógica e bom senso, que ele não conseguia entender a Justiça Divina, tão bem explicada pela doutrina espírita.
Em seguida pediu-me o endereço da minha Instituição Espírita, a UMEN, e, eu lhe dei um folhetinho com nosso endereço, contendo ainda uma mensagem espiritual belíssima e as atividades realizadas por nossa casa espírita.
O Professor me agradeceu a acolhida, as explicações tão lindas da mensagem espírita e prometeu fazer-nos uma visita brevemente, despediu-se e se foi.
Não sei se fará ou não a visita prometida, mas, sei que a semente levada por ele em seu coração e sua mente, há de germinar, dando no futuro os saborosos e nutrientes frutos da mensagem consoladora da doutrina espírita, para saciar a fome espiritual do professor, de seus alunos e de muitos outros irmãos, que ainda não tiveram a felicidade de se beneficiarem com o alimento que realmente nos tira a fome, fornecido pela palavra pura e sábia de Jesus, nosso Mestre e Guia.
Que assim possa ser!
Francisco Rebouças.