Se, analisarmos esses acidentes, que causaram tanta destruição e morte, à luz dos ensinamentos da doutrina espírita, só encontraremos uma justificativa lógica, para explicar todos esses acontecimentos citados, que é sem sombra de dúvidas, a Lei de justiça agindo dentro dos seus mecanismos de AMOR e purificação do Ser eterno, concedendo oportunidade de resgates e reajustamento dessas consciências envolvidas nesses fatos, pois, como nos afirma a doutrina consoladora, não há efeito sem uma causa que o justifique.
Se, admitirmos qualquer um desses fatos, como simples obra do acaso, vitimando inocentes, não poderemos crer em Justiça Divina, pois que o acaso teria mais poder de causar destruição do que o próprio Deus de conservar a harmonia no universo criado por Ele.
Quando a doutrina espírita nos ensina que, a reencarnação é a chave para que possamos entender a justiça de Deus, muitos religiosos ainda arraigados em conceitos milenares e recheados de dogmas, superstições, e tendo como base a fé cega, apressam-se em acusar Deus de caprichoso, irado, etc., pois, explicam tudo como sendo desígnios de Divinos.
Pronunciam suas diversas justificativas pueris, na crença de que é simplesmente por que Deus julgou que assim deveria proceder, não dando qualquer importância à vida e ao destino dessas criaturas, não percebendo que agindo dessa maneira por simples desejo seu sem qualquer justificativa para o fato estaria ELE, obrando como qualquer ser humano insensato e até mesmo irresponsável e injusto, pois estaria atingindo seres como inúmeras crianças atingidas pelas citadas calamidades, sem que a pobre criatura saiba porque está sendo incluída no rol dos infelizes inimigos desse Deus, que resolveu dar vazão a sua ira, e sem qualquer motivo plausível, resolveu punir essas desafortunadas vítimas selecionadas por ele; não levando em conta sequer que seres “inocentes”, com poucos dias de vida estariam sendo também atingidos.
Sendo assim, nos damos o direito de perguntar aos que assim pensam: que Deus é esse tão imprevisível e injusto, que deva merecer nossa confiança, nossa fé, nossa esperança?
O Deus que conhecemos na doutrina espírita, é, antes de tudo, Pai amoroso, justo e bom, incapaz por isso mesmo, de cometer atos dessa natureza com quem quer que seja, e justifica sua maravilhosa filosofia consoladora, nos afirmando que para todos esses irmãos envolvidos de alguma forma nesses terríveis desastres, a Lei de causa e efeito se faz presente, confirmando o ensinamento de Jesus ao nos instruir que “a cada um segundo as suas obras”.
Todos os nossos irmãos que pereceram pelo efeito devastador das ondas gigantes, pelos dolorosos incêndios, pelos desastres por qualquer meio de transporte, por outro qualquer fato fortuito, tinham motivos para ali se encontrarem com a Lei, a fim de quitar seus débitos com a justiça divina que não falha jamais, encontrando nesses eventos tristes e dolorosos, a sublime oportunidade do resgate libertador.
Vejamos o que o Codificador nos trouxe de ensinos à esse respeito: No Livro dos Espíritos, PARTE 3ª - CAPÍTULO VI - DA LEI DE DESTRUIÇÃO, que achamos oportuno trazer para nossa melhor compreensão sobre o assunto como se segue:
Pergunta: 737. Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?
“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são freqüentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.” (744)
Pergunta: 738. Para conseguir a melhora da Humanidade, não podia Deus empregar outros meios que não os flagelos destruidores?
“Pode e os emprega todos os dias, pois que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não se aproveita desses meios. Necessário, portanto, se torna que seja castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a sua fraqueza.”
a) - Mas, nesses flagelos, tanto sucumbe o homem de bem como o perverso. Será justo isso?
“Durante a vida, o homem tudo refere ao seu corpo; entretanto, de maneira diversa pensa depois da morte. Ora, conforme temos dito, a vida do corpo bem pouca coisa é. Um século no vosso mundo não passa de um relâmpago na eternidade. Logo, nada são os sofrimentos de alguns dias ou de alguns meses, de que tanto vos queixais. Representam um ensino que se vos dá e que vos servirá no futuro. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, formam o mundo real (85).
b) - Mas, nem por isso as vítimas desses flagelos deixam de o ser.
“Se considerásseis a vida qual ela é e quão pouca coisa representa com relação ao infinito, menos importância lhe daríeis. Em outra vida, essas vítimas acharão ampla compensação aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar.”
Venha por um flagelo a morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo.
Se, pelo pensamento, pudéssemos elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e abrangê-la em seu conjunto, esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras tempestades no destino do mundo.
Pergunta: 739. Têm os flagelos destruidores utilidade, do ponto de vista físico, não obstante os males que ocasionam?
“Têm. Muitas vezes mudam as condições de uma região. Mas, o bem que deles resulta só as gerações vindouras o experimentam.”
Pergunta: 740. Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por porem-no a braços com as mais aflitivas necessidades?
“Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo.”
Pergunta: 741. Dado é ao homem conjurar os flagelos que o afligem?
“Em parte, é; não, porém, como geralmente o entendem. Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem. À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas. Contudo, entre os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela sua negligência.”
Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais às produções da terra. Não tem, porém, o homem encontrado na Ciência, nas obras de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, meios de impedir, ou, quando menos, de atenuar muitos desastres? Certas regiões, outrora assoladas por terríveis flagelos, não estão hoje preservadas deles? Que não fará, portanto, o homem pelo seu bem-estar material, quando souber aproveitar-se de todos os recursos da sua inteligência e quando aos cuidados da sua conservação pessoal, souber aliar o sentimento de verdadeira caridade para com os seus semelhantes? (707)
No Livro Obras Póstumas, Segunda Parte, pág. 215, no Capítulo intitulado: Questões e problemas - As expiações coletivas, o espírito Clélie DUPLANTIER, assim nos esclarece em um dos trechos de sua mensagem sobre o tema:
“Salvo exceção, pode-se admitir como regra geral que todos aqueles que têm uma tarefa comum reunidos numa existência, já viveram juntos para trabalharem pelo mesmo resultado, e se acharão reunidos ainda no futuro, até que tenham alcançado o objetivo, quer dizer, expiado o passado, ou cumprido a missão aceita.
Graças ao Espiritismo, compreendeis agora a justiça das provas que não resultam de atos da vida presente, porque já vos foi dito que é a quitação de dívidas do passado; por que não ocorreria o mesmo com as provas coletivas? Dissestes que as infelicidades gerais atingem o inocente como o culpado; mas sabeis que o inocente de hoje pode ter sido o culpado de ontem? Que tenha sido atingido individualmente ou coletivamente, é que o mereceu. E, depois, como dissemos, há faltas do indivíduo e do cidadão; a expiação de umas não livra da expiação das outras, porque é necessário que toda dívida seja paga até o último centavo. As virtudes da vida privada não são as da vida pública; um, que é excelente cidadão, pode ser muito mau pai de família, e outro, que é bom pai de família, probo e honesto em seus negócios, pode ser um mau cidadão, ter soprado o fogo da discórdia, oprimido o fraco, manchado as mãos em crimes de lesa-sociedade. São essas faltas coletivas que são expiadas coletivamente pelos indivíduos que para elas concorreram, os quais se reencontram para sofrerem juntos a pena de talião, ou ter a ocasião de repararem o mal que fizeram, provando o seu devotamento à coisa pública, socorrendo e assistindo aqueles que outrora maltrataram. O que é incompreensível, inconciliável com a justiça de Deus, sem a preexistência da alma, se torna claro e lógico pelo conhecimento dessa lei.
A solidariedade, que é o verdadeiro laço social, não está, pois, só para o presente; ela se estende no passado e no futuro, uma vez que as mesmas individualidades se encontraram, se reencontram e se encontrarão para subirem juntas a escala do progresso, prestando-se concurso mútuo. Eis o que o Espiritismo faz compreender pela eqüitativa lei da reencarnação e a continuidade das relações entre os mesmos seres”.
Quando do plano espiritual, nos preparando para mais uma oportunidade de reencarnarmos no mundo físico, solicitamos nossa redenção perante a justiça divina, ao compreendermos o quanto fomos danosos para a sociedade em que nos comprometemos, e, o Pai Criador de tudo e de todos, por infinita bondade nos dá a suprema oportunidade de nos quitarmos perante nossa própria consciência que abriga todas as suas soberanas Leis, para que conquistemos por nossos próprios atos a libertação do grilhão que nos prendem aos abismos das trevas, no objetivo maior de reparar nossos delitos e irresponsabilidades do passado, para então prosseguirmos em direção a nossa essência espiritual que é fonte de amor e harmonia e paz.
Finalizando, este modesto artigo, sobre tão grave assunto em destaque na imprensa do mundo inteiro, vivido por inúmeras famílias que perderam seus entes queridos de forma tão trágica, alertamos para o cuidado que devemos ter com a nossa semeadura presente que serão decisivas para o nosso porvir, visto que não temos como alterar as nossas ações efetuadas no passado distante, mas, poderemos sempre se assim desejarmos, modificar para melhor o nosso porvir.
Que o Mestre Jesus nos conserve os corações alegres e unidos no propósito de amar, crescer e servir cada dia mais e melhor, hoje e sempre.
JFCR.