Em se tratando de reforma íntima:

“Fácil é dizer como se faz. Difícil é fazer como se diz. Precisamos fazer mais e dizer menos.

Francisco Rebouças.

sábado, 31 de julho de 2010

Benditos Cristãos!

Muitos dos irmãos seguidores de outras correntes religiosas ditas "Cristãs", estão sempre dispostos a tentar modificar nossas convicções religiosas com seus argumentos infantis e destituidos de qualquer fundamento religioso.

Não respeitam seu semelhante como bons cristãos que dizem ser, esquecendo que os discípulos de Jesus serão conhecidos por muito se  amarem e não por muito se agredire ou criticarem. Não respeitam nem mesmo a Constituição do nosso país que assegura o direito ao indivíduo de seguir a filosofia religiosa que bem desejar, e não se importam em ser inconvenientes e desrespeitosos.

Graças a Deus sou espírita, e não posso retribuir suas inconveniências senão com minhas preces a Jesus rogando que me dê ânimo para seguir a filosofia espírita de paz, respeito e amor a Deus e ao meu próximo, mesmo sendo ele um "CRISTÃO" ignorante e desrespeitoso.

Que procurem eles seguir Jesus como bem desejarem, mas nos deixem vivenciar o Cristo através da doutrina espírita que nos ensina a amá-los e perdoá-los do fundo de nosso coração, entendento o estado moral espiritual de cada criatura num planeta como o nosso.

Que Jesus nos guarde a todos, e que possamos seguir sempre os ensinos contidos no Evangelho do Mestre de Nazaré com a interpretação fabulosa e incomparável que a doutrina espírita nos ensina, para não revidar os "ataques" que sofremos desses irmãos ainda presos à letra que mata esquecidos de seguir o espírito que vivifica.

Francisco Rebouças

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ensinamentos oportunos

Você que, de uma maneira ou outra, vem realizando esforços para implantar o bem na alma, na vida e em torno de si; você que a duras penas, tem conseguido manter-se fiel à dignidade e à honradez, a despeito da zombaria a sua volta, não se fragilize nem se sinta inferior ao ver e ouvir semelhantes despautérios.

O espírito que você vem cultivando em si, e em suas atividades, é o do bem, e todo espírito do bem não se cansa com os esforços aplicados para o equilíbrio nem se agasta por viver em sociedades cujos olhos ainda estão voltados para o hedonismo, para o imediatismo e para o absolutismo da matéria.

Mantenha-se, dessa forma, a qualquer custo, na estrada que o conduzirá ao cumprimento das sonhadas e felizes transformações, cabíveis no tempo que Deus lhe deu.

Benedita Maria

Do livro: Ações corajosas para viver em paz. Cap. 26. Raul Teixeira.
 
 
O Espiritista

sábado, 24 de julho de 2010

Que fazemos de diferente?

"Que fazeis de especial?" - Jesus. (MATEUS, 5:47.)

Os seguidores da Boa Nova do Cristo, através da Doutrina Espírita, possuem grande quantidade de informações e esclarecimentos muito acima da maioria dos nossos irmãos que seguem o Mestre de Nazaré por diversas outras correntes de filosofias religiosas, existentes na Terra.

Sabem, por exemplo, que a vida prossegue para além do túmulo; que o corpo carnal não passa de sagrada vestimenta que utilizamos como ferramenta capaz de nos proporcionar sublimes oportunidades de progresso; que a Terra é uma abençoada escola onde estagiamos temporariamente em busca de nossa iluminação espiritual a caminho da perfeição e da felicidade que nos aguarda, embora ainda distante, e que nos abrirá enormes possibilidades de progresso no campo do Espírito Imortal que somos; que os problemas, desgostos, trabalhos etc., de hoje, são recursos educativos a nos preparar para um porvir melhor; que a dor é estímulo às reflexões e mudanças de rumo em busca de novas e melhores realizações; que nossa semeadura de agora nos garantirá os frutos amargos ou saborosos do amanhã; que os amigos espirituais que seguem à nossa vanguarda estão sempre dispostos a nos estender mão amiga nas horas dos nossos testemunhos; que toda oportunidade de trabalhar no bem é dádiva que o Pai Criador nos oferta para realizarmos nossa harmonização perante as sábias e imutáveis Leis Divinas de Amor e Caridade; que nenhum de nós seres humanos está reencarnado para simples excursão nos prazeres fúteis do mundo, mas, sim, em missão de aperfeiçoamento pela reforma íntima que precisamos realizar urgentemente; que a justiça Divina não falha e não deixa passar o menor deslize sem a devida e merecida reparação; que a verdade cedo ou tarde prevalecerá sobre a mentira.

Enfim, os Emissários Celestes, através da Doutrina Espírita, afirmam que a Terra deve ser definitivamente entendida como uma abençoada oportunidade de burilamento para o nosso Espírito, onde aprendemos que é possível, para todo filho de Deus, resgatar e se redimir dos débitos que contraímos perante as Leis que regem nossos destinos na Terra, por pensamentos, palavras e atos, refazendo para melhor os nossos caminhos, com vistas a um porvir diferente e melhor.

É necessário, pois, que os discípulos da Revelação Nova, com o Cristianismo redivivo, aprendam a valorizar a oportunidade do serviço de cada dia, sem inquietudes, sem aflições. Todas as atividades terrestres, enquadradas no bem, procedem da orientação divina que aproveita cada um de nós outros, segundo a posição em que nos colocamos na ascensão espiritual.

Toda tarefa respeitável e edificante é de origem celeste. Cada homem – e cada mulher – pode funcionar em campos diferentes, no entanto, em circunstância alguma deveremos esquecer a indiscutível afirmação de Paulo, quando assevera que "há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos". ¹
Possuidores que somos de todas essas informações, é justo refletirmos sobre a interrogação de Jesus a todos nós: Que fazeis de especial?

Bibliografia:
Livro: Vinha de Luz – FEB - ¹ª edição.

O Espiritista

domingo, 18 de julho de 2010

CONVITE À HUMILDADE

Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.” (Mateus: capítulo 11º, versículo 28.)

Os que são incapazes de consegui-la identificam-na como fraqueza.

Os pessimistas que chafurdam no poço do orgulho ferido e não se dispôem à luta, detestam-na, porque se sentem incapazes de possuí-la.

Os derrotistas utilizam-se da subestima para denegri-la.

Os fracos, falsamente investidos de força, falselam-lhe o significado, deturpando-lhe a soberana realidade.

Porque muitos não lograram vivê-la e derraparam em plenos exercícios, desconsideram-na..

Ela, no entanto, fulgura e prossegue.

Sustenta no cansaço, acalenta nas dores, robustece na luta, encoraja no insucesso, levanta na queda... Louva a dor que corrige, abençoa a dificuldade que ensina, agradece a soledade que exercita a reflexão, ampara o trabalho que disciplina e é reconhecida a todos, inclusive aos que passam por maus, por ensinarem, embora inconscientemente, o valor dos bons e a excelência do bem.

Chega e dulcifica a amargura, balsamizando qualquer ferida exposta, mesmo em chaga repelente.

Identifica-se pela meiguice, e, sutil, agrada, oferecendo plenitude, quando tudo conspira contra a paz de que se faz instrumento.

Escudo dos verdadeiros heróis, tem sido a coroa dos mártires, o sinal dos santos e a característica dos sábios.

Com ela o homem adquire grandeza interior, e considerando a majestade da Criação, como membro atuante da vida, que é, eleva-se e, assim, eleva a humanidade inteira.

Conquistá-la, ao fim das pelejas exaustivas, é lograr paz.

No diálogo entre Jesus e Pilatos, esteve presente no silêncio do Amigo Divino e ausente no enganado fâmub de César...

Seu nome é humildade.

Livro: Convites da Vida
Divaldo Franco/Joanna de Ângelis
 
Francisco Rebouças

sábado, 17 de julho de 2010

Preservar-se da avareza



Então, no meia do turba, um homem lhe disse: Mestre, dize a meu irmão que divida comigo a herança que nos tocou. — Jesus lhe disse: Ó homem! quem me designou para vos julgar, ou para fazer as vossas partilhas? — E acrescentou: Tende o cuidado de preservar-vos de toda a avareza, seja qual for a abundância em que o homem se encontre, sua vida não depende dos bens que ele possua.

Disse-lhes a seguir esta parábola: Havia um rico homem cujas terras tinham produzido extraordinariamente — e que se entretinha a pensar consigo mesmo, assim: Que hei de fazer, pois já não tenho lugar onde possa encerrar tudo o que vou colher? — Aqui está, disse, o que farei: Demolirei os meus celeiros e construirei outros maiores, onde porei toda a minha colheita e todos os meus bens. — E direi a minha alma: Minha alma, tens de reserva muitos bens para longos anos; repousa, come, bebe, goza. Mas, Deus, ao mesmo tempo, disse ao homem: Que insensato és! Esta noite mesmo tomar-te-ão a alma; para que servirá o que acumulaste?

É o que acontece àquele que acumula tesouros para si próprio e que não é rico diante de Deus. (S. LUCAS, cap. XII, vv. 13 a 21.)

Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, item 3.

Francisco Rebouças

quinta-feira, 8 de julho de 2010

São Luis esclarece

Questões dirigidas a São Luís, por intermédio do senhor C..., médium falante e vidente, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sessão do dia 12 de outubro de 1858.

1. Por que o homem que tem a firme intenção de se destruir, se revolta com a idéia de ser morto por um outro, e se defenderia contra os ataques no próprio momento em que vai cumprir seu desígnio?

- R. Porque o homem tem sempre medo da morte; quando se a dá a si mesmo, está superexcitado e tem a cabeça desarranjada, e cumpre esse ato sem coragem e medo, e sem, por assim dizer, ter o conhecimento do que faz, ao passo que, se tivesse a escolha, não veríeis tantos suicidas. O instinto do homem leva-o a defender a sua vida, e, durante o tempo que se escoa entre o instante que seu semelhante se aproxima para matá-lo e aquele no qual o ato é cometido, ele tem sempre um movimento de repulsão instintiva da morte que o leva a repelir esse fantasma, que não é apavorante senão para o Espírito culpado. O homem que se suicida não experimenta esse sentimento, porque está cercado de Espíritos que o impelem, que o ajudam em seus desejos, e lhe fazem perder completamente a lembrança do que não é ele, quer dizer, de seus parentes e daqueles que o amam, e de uma outra existência. O homem nesse momento é todo egoísmo.

2. Aquele que, desgostoso da vida, mas não quer suicidar-se e quer que sua morte sirva para alguma coisa, é culpável por procurá-la num campo de batalha, defendendo o seu país? –

R. Sempre. O homem deve seguir o impulso que lhe é dado; qualquer que seja a carreira que abrace, qualquer que seja a vida que conduza, está sempre assistido por Espíritos que o conduzem e o dirigem com o seu desconhecimento; ora, procurar ir contra os seus conselhos é um crime, uma vez que aí estão colocados para nos dirigir, e que esses bons Espíritos, quando queremos agir por nós mesmos, aí estão para nos ajudar. Entretanto, se o homem conduzido por seu próprio Espírito, quer deixar esta vida, abandona-o, e reconhece sua falta mais tarde, quando se acha obrigado a recomeçar uma outra existência O homem deve ser provado para se elevar; deter seus atos, por entrave ao seu livre arbítrio, seria ir contra Deus, e as provas, nesse caso, se tomariam inúteis, uma vez que os Espíritos não cometeriam faltas. O Espírito foi criado simples e ignorante; é preciso, pois, para chegar às esferas felizes, que progrida, se eleve em ciência e em sabedoria, e não é senão na adversidade que o Espírito colhe sua elevação do coração e compreende melhor a grandeza de Deus.

3. Um dos assistentes observou que crê ver uma contradição entre essas últimas palavras de São Luís e as precedentes, quando disse que o homem pode ser levado ao suicídio por certos Espíritos que a isso o excitam. Nesse caso, cederia a um impulso que lhe seria estranho.

- R. Não há contradição. Quando eu disse que o homem impelido ao suicídio, estava cercado de Espíritos que o solicitavam a isso, não falei dos bons Espíritos que fazem todos os esforços para disso desviá-lo; deveria estar subentendido; todos sabemos que temos um Anjo guardião, ou, se preferis, um guia familiar. Ora, o homem tem seu livre arbítrio; se, apesar dos bons conselhos que lhe são dados, persevera nessa idéia que é um crime, ele a cumpre e é ajudado nisso pelos Espíritos levianos e impuros que o cercam, que ficam felizes em verem que ao homem, ou Espírito encarnado, também lhe falta coragem para seguir os conselhos de seu bom guia, e, freqüentemente, do Espírito de seus parentes mortos que o cercam, sobretudo em circunstâncias semelhantes.

Revista Espírita – novembro/1858.

O Espiritista

Sonho, uma verdadeira dádiva!

O sono e os sonhos
Todos nós sabemos da necessidade do sono para o refazimento do nosso organismo físico. No entanto, é preciso que se atente para o fato, de que nem sempre nos é adequado fazer uso dessa bênção para nos restabelecer o equilíbrio, havendo mesmo ocasiões em que ele pode até se tornar fatal para nossas vidas.

Nas reuniões públicas ou de estudos, por exemplo, não se pode admitir como normal esse procedimento; imagine um médico em plena atividade de um procedimento cirúrgico, ou alguém tomando conta de uma criança, etc. etc.

Por essa razão, precisamos utilizar o sono como aliado para nossa vida e saber tirar do sono o melhor proveito em nosso próprio benefício na harmonização de nossas forças físicas para os labores diários, para um perfeito cumprimento de nossas atividades em todas as áreas de nossa atuação com esmero e responsabilidade.

Alan Kardec nos esclarece a respeito da utilidade do sono conforme segue:

À hora de dormir
“O sono tem por fim dar repouso ao corpo; o Espírito, porém, não precisa de repousar. Enquanto os sentidos físicos se acham entorpecidos, a alma se desprende, em parte, da matéria e entra no gozo das faculdades do Espírito. O sono foi dado ao homem para reparação das forças orgânicas e também para a das forças morais. Enquanto o corpo recupera os elementos que perdeu por efeito da atividade da vigília, o Espírito vai retemperar-se entre os outros Espíritos. Haure, no que vê, no que ouve e nos conselhos que lhe dão, idéias que, ao despertar, lhe surgem em estado de intuição. É a volta temporária do exilado à sua verdadeira pátria. É o prisioneiro restituído por momentos à liberdade.

Mas, como se dá com o presidiário perverso, acontece que nem sempre o Espírito aproveita dessa hora de liberdade para seu adiantamento. Se conserva instintos maus, em vez de procurar a companhia de Espíritos bons, busca a de seus iguais e vai visitar os lugares onde possa dar livre curso aos seus pendores.

Eleve, pois, aquele que se ache compenetrado desta verdade, o seu pensamento a Deus, quando sinta aproximar-se o sono, e peça o conselho dos bons Espíritos e de todos cuja memória lhe seja cara, a fim de que venham juntar-se-lhe, nos curtos instantes de liberdade que lhe são concedidos, e, ao despertar, sentir-se-á mais forte contra o mal, mais corajoso diante da adversidade.” ¹

400. O Espírito encarnado permanece de bom grado no seu envoltório corporal?

“É como se perguntasses se ao encarcerado agrada o cárcere. O Espírito encarnado aspira constantemente à sua libertação e tanto mais deseja ver-se livre do seu invólucro, quanto mais grosseiro é este.”

401. Durante o sono, a alma repousa como o corpo?

“Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos ”

402. Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?

“Pelos sonhos, Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire

maior potencialidade e pode por-se em comunicação com os demais Espíritos, quer deste mundo, quer do outro. Dizes freqüentemente: Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil. Enganaste. É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião. Estando entorpecido o corpo, o Espírito trata de quebrar seus grilhões e de investigar no passado ou no futuro.

“Pobres homens, que mal conheceis os mais vulgares fenômenos da vida! Julgais-vos muito sábios e as coisas mais comezinhas vos confundem. Nada sabeis responder a estas perguntas que todas as crianças formulam: Que fazemos quando dormimos? Que são os sonhos?

“O sono liberta a alma parcialmente do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em que fica permanentemente depois que morre. Tiveram sonos inteligentes os Espíritos que, desencarnando, logo se desligam da matéria. Esses Espíritos, quando dormem, vão para junto dos seres que lhes são superiores. Com estes viajam, conversam e se instruem. Trabalham mesmo em obras que se lhes deparam concluídas, quando volvem, morrendo na Terra, ao mundo espiritual. Ainda esta circunstância é de molde a vos ensinar que não deveis temer a morte, pois que todos os dias morreis, como disso um santo.

“Isto, pelo que concerne aos Espíritos elevados. Pelo que respeita ao grande número de homens que, morrendo, têm que passar longas horas na perturbação, na incerteza de que tantos já vos falaram, esses vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais funestas do que as que professam entre vós. E o que gera a simpatia na Terra é o fato de sentir-se o homem, ao despertar, ligado pelo coração àqueles com quem acaba de passar oito ou nove horas de ventura ou de prazer. Também as antipatias invencíveis se explicam pelo fato de sentirmos em nosso íntimo que os entes com quem antipatizamos têm uma consciência diversa da nossa. Conhecemo-los sem nunca os termos visto com os olhos. É ainda o que explica a indiferença de muitos homens. Não cuidam de conquistar novos amigos, por saberem que muitos têm que os amam e lhes querem. Numa palavra: o sono influi mais do que supondes na vossa vida.

“Graças ao sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos. Por isso é que os Espíritos superiores assentem, sem grande repugnância, em encarnar entre vós. Quis. Deus que, tendo de estar em contacto com o vício, pudessem eles ir retemperar-se na fonte do bem, a fim de igualmente não falirem, quando se propõem a instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu, para que possam ir ter com seus amigos do céu; é o recreio depois do trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final, que os restituirá ao meio que lhes é próprio.

“O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono. Notai, porém, que nem sempre sonhais. Que quer isso dizer? Que nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que haveis visto, enquanto dormíeis. É que não tendes então a alma no pleno desenvolvimento de suas faculdades. Muitas vezes, apenas vos fica a lembrança da perturbação que o vosso Espírito experimenta à sua partida ou no seu regresso, acrescida da que resulta do que fizestes ou do que vos preocupa quando despertos. A não ser assim, como explicaríeis os sonhos absurdos, que tanto os sábios, quanto as mais humildes e simples criaturas têm? Acontece também que os maus Espíritos se aproveitam dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes.

“Em suma, dentro em pouco vereis vulgarizar-se outra espécie de sonhos. Conquanto tão antiga como a de que vimos falando, vós a desconheceis. Refiro-me aos sonhos de Joana, ao de Jacob, aos dos profetas judeus e aos de alguns adivinhos indianos. São recordações guardadas por almas que se desprendem quase inteiramente do corpo, recordações dessa segunda vida a que ainda há pouco aludíamos.“Tratai de distinguir essas duas espécies de sonhos nos de que vos lembrais, do contrário cairíeis em contradições e em erros funestos à vossa fé.”

Os sonhos são efeito da emancipação da alma, que mais independente se torna pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida que se

alonga até aos mais afastados lugares e até mesmo a outros mundos. Daí também a lembrança que traz à memória acontecimentos da precedente existência ou das existências anteriores. As singulares imagens do que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, entremeados de coisas do mundo atual, é que formam esses conjuntos estranhos e confusos, que nenhum sentido ou ligação parecem ter.

A incoerência dos sonhos ainda se explica pelas lacunas que apresenta a recordação incompleta que conservamos do que nos apareceu quando sonhávamos. É como se a uma narração se truncassem frases ou trechos ao acaso. Reunidos depois, os fragmentos restantes nenhuma significação racional teriam.

403. Por que não nos lembramos sempre dos sonhos?

“Em o que chamas sono, só há o repouso do corpo, visto que o Espírito está constantemente em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco da sua liberdade e se corresponde com os que lhe são caros, quer neste mundo, quer em outros. Mas, como é pesada e grosseira a matéria que compõe, o corpo dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais.”

404. Que se deve pensar das significações atribuídas aos sonhos?

“Os sonhos não são verdadeiros como o entendem os ledores de buena-dicha, pois fora absurdo crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens que para o Espírito têm realidade, porém que, freqüentemente, nenhuma relação guardam com o que se passa na vida corporal. São também, como atrás dissemos, um pressentimento do futuro, permitido por Deus, ou a visão do que no momento ocorre em outro lugar a que a alma se transporta. Não se contam por muitos os casos de pessoas que em sonho aparecem a seus parentes e amigos, a fim de avisá-los do que a elas está acontecendo? Que são essas aparições senão as almas ou Espíritos de tais pessoas a se comunicarem com entes caros? Quando tendes certeza de que o que vistes realmente se deu, não fica provado que a imaginação nenhuma parte tomou na ocorrência, sobretudo se o que observastes não vos passava pela mente quando em vigília?”

405. Acontece com freqüência verem-se em sonho coisas que parecem um pressentimento, que, afinal, não se confirma. A que se deve atribuir isto

“Pode suceder que tais pressentimentos venham a confirmar-se apenas para o Espírito. Quer dizer que este viu aquilo que desejava, foi ao seu encontro. É preciso não esquecer que, durante o sono, a alma está mais ou menos sob a influência da matéria e que, por conseguinte, nunca se liberta completamente de suas idéias terrenas, donde resulta que as preocupações do estado de vigília podem dar ao que se vê a aparência do que se deseja, ou do que se teme. A isto é que, em verdade, cabe chamar-se efeito da imaginação. Sempre que uma idéia nos preocupa fortemente, tudo o que vemos se nos mostra ligado a essa idéia.”

406. Quando em sonho vemos pessoas vivas, muito nossas conhecidas, a praticarem atos de que absolutamente não cogitam, não é isso puro efeito de imaginação?

“De que absolutamente não cogitam, dizes. Que sabes a tal respeito? Os Espíritos dessas pessoas vêm visitar o teu como o teu os vai visitar, sem que saibas sempre o em que eles pensam. Demais, não é raro atribuirdes, de acordo com o que desejais, a pessoas que conheceis, o que se deu ou se está dando em outras existências.”

407. É necessário o sono completo para a emancipação do Espírito?

“Não; basta que os sentidos entrem em torpor para que o Espírito recobre a sua liberdade. Para se emancipar, ele se aproveita de todos os instantes de trégua que o corpo lhe concede. Desde que haja prostração das forças vitais, o Espírito se desprende, tornando-se tanto mais livre, quanto mais fraco for o corpo.”

Assim se explica que imagens idênticas às que vemos, em sonho, vejamos estando apenas meio dormindo, ou em simples modorra.

408. E qual a razão de ouvirmos, algumas vezes em nós mesmos, palavras pronunciadas distintamente e que nenhum nexo têm com o que nos preocupa?

“É fato: ouvis até mesmo frases inteiras, principalmente quando os sentidos começam a entorpecer-se. É quase sempre, fraco eco do que diz um Espírito que convosco se quer comunicar.”

409. Doutras vezes, num estado que ainda não é bem o do adormecimento, estando com os olhos fechados, vemos imagens distintas, figuras cujas mínimas particularidades percebemos. Que há aí, efeito de visão ou de imaginação?

“Estando entorpecido o corpo, o Espírito trata de desprender-se. Transporta-se e vê. Se já fosse completo o sono, haveria sonho.”

410. Dá-se também que, durante o sono, ou quando nos achamos apenas ligeiramente adormecidos, acodem-nos idéias que nos parecem excelentes e que se nos apagam da memória, apesar dos esforços que façamos para retê-las. Donde vêm essas idéias?

“Provêm da liberdade do Espírito que se emancipa e que, emancipado, goza de suas faculdades com maior amplitude. Também são, freqüentemente, conselhos que outros Espíritos dão.”

a) - De que servem essas idéias e esses conselhos, desde que, pelos esquecer, não os podemos aproveitar?

“Essas idéias, em regra, mais dizem respeito ao mundo dos Espíritos do que ao mundo corpóreo. Pouco importa que comumente o Espírito as esqueça, quando unido ao corpo. Na ocasião oportuna, voltar-lhe-ão como inspiração de momento.”

411. Estando desprendido da matéria e atuando como Espírito, sabe o Espírito encarnado qual será a época de sua morte?

“Acontece pressenti-la. Também sucede ter plena consciência dessa época, o que dá lugar a que, em estado de vigília, tenha intuição do fato. Por isso é que algumas pessoas prevêem com grande exatidão a data em que virão a morrer.”

412. Pode a atividade do Espírito, durante o repouso, ou o sono corporal, fatigar o corpo?

“Pode, pois que o Espírito se acha preso ao corpo qual balão cativo ao poste. Assim como as sacudiduras do balão abalam o poste, a atividade do Espírito reage sobre o corpo e pode fatigá-lo.”

Visitas espíritas entre pessoas vivas
413. Do princípio da emancipação da alma parece decorrer que temos duas existências simultâneas: a do corpo, que nos permite a vida de relação ostensivas; e a da alma, que nos proporciona a vida de relação oculta. É assim?

“No estado e emancipação, prima a vida da alma. Contudo, não há, verdadeiramente, duas existências. São antes duas fases de uma só existência, porquanto o homem não vive duplamente.”

414. Podem duas pessoas que se conhecem visitar-se durante o sono?

“Certo e muitos que julgam não se conhecerem costumam reunir-se e falar-se. Podes ter, sem que o suspeites, amigos em outro país. É tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas.”

415. Que utilidade podem elas ter, se as olvidamos?

“De ordinário, ao despertardes, guardais a intuição desse fato, do qual se originam certas idéias que vos vêm espontaneamente, sem que possais explicar como vos acudiram. São idéias que adquiristes nessas confabulações.”

416. Pode o homem, pela sua vontade, provocar as visitas espíritas? Pode, por exemplo, dizer, quando está para dormir: Quero esta noite encontrar-me em Espírito com Fulano, quero falar-lhe para dizer isto?

“O que se dá é o seguinte: Adormecendo o homem, seu Espírito desperta e, muitas vezes, nada disposto se mostra a fazer o que o homem resolvera, porque a vida deste pouco interessa ao seu Espírito, uma vez desprendido da matéria. Isto com relação a homens já bastante elevados espiritualmente. Os outros passam de modo muito diverso a fase espiritual de sua existência terrena. Entregam-se às paixões que os escravizaram, ou se mantêm inativos. Pode, pois, suceder, tais sejam os motivos que a isso o induzem, que o Espírito vá visitar aqueles com quem deseja encontrar-se. Mas, não constitui razão, para que semelhante coisa se verifique, o simples fato de ele o querer quando desperto.”

417. Podem Espíritos encarnados reunir-se em certo número e formar assembléias?

“Sem dúvida alguma. Os laços, antigos ou recentes, da amizade costumam reunir desse modo diversos Espíritos, que se sentem felizes de estar juntos.”

Pelo termo antigos se devem entender os laços de amizade contraída em existências anteriores. Ao despertar, guardamos intuição das idéias que haurimos nesses colóquios,mas ficamos na ignorância da fonte donde promanaram.

418. Uma pessoa que julgasse morto um de seus amigos, sem que tal fosse a realidade, poderá encontrar-se com ele, em Espírito, e verificar que continuava vivo? E dado o fato, poderia, ao despertar, ter dele a intuição?

“Como Espírito, a pessoa que figuras pode ver o seu amigo e conhecer-lhe a sorte. Se lhe não houver sido imposto, por prova, crer na morte desse amigo, poderá ter um pressentimento da sua existência, como poderá tê-lo de sua morte.” ²

Sonhos
O Espiritismo não podia deixar de interessar-se pelo problema dos sonhos, dando também, sobre eles, a sua interpretação.

Não podia o Espiritismo fugir a esse imperativo, eis que as manifestações oníricas têm acentuada importância em nossa vida de relação, uma vez que os chamados «sonhos espíritas» resultam, via de regra, das nossas próprias disposições, exercidas e cultivadas no estado de vigília.

A Doutrina Espírita não pode estar ausente de qualquer movimento superior, de fundo espiritual, que vise a amparar o Espírito humano na sua rota evolutiva.

Não é a Doutrina um movimento literário, circunscrito a gabinetes.

É um programa para ajudar o homem a crescer para Deus, a fim de que, elevando-se, corresponda ao imenso sacrifício daquele que, sendo o Cristo de Deus, se fez Homem para que os homens se tornassem Cristos.

Os sonhos, em sua generalidade, não representam como muitos pensam, uma fantasia das nossas almas, enquanto há o repouso do corpo físico.

Todos eles revelam, em sua estrutura, como fundamento principal, a emancipação da alma, assinalando a sua atividade extracorpórea, quando então se lhe associam, à consciência livre, variadas impressões e sensações de ordem fisiológica e psicológica.

Estudemos o assunto, que se reveste de singular encanto, à luz do seguinte gráfico:

CLASSIFICAÇÃO DOS SONHOS = {Comuns. = {Repercussão de nossas disposições, Físicas ou psicológicas.

{Reflexivos. = {Exteriorização de impulsos e imagens arquivadas no cérebro.

{Espíritas. = {Atividade real e efetiva do Espírito durante o sono.

Feita a classificação no seu tríplice aspecto, façamos, agora, a devida especificação:

Comuns: O Espírito é envolvido na onda de pensamentos que lhe são próprios, bem assim dos outros.

Reflexivos: A modificação vibratória, resultante do desprendimento pelo sono, faz o Espírito entrar em relação com fatos, imagens, paisagens e acontecimentos remotos, desta e de outras vidas.

Espíritas: Por «sonhos espíritas», situamos aqueles em que o Espírito se encontra, fora do corpo, com:

a) — parentes

b) — amigos

c) — instrutores

d) — inimigos, etc.

Outras denominações poderão, sem dúvida, ser-lhes dadas, o que, supomos, não alterará a essência do fenômeno em si mesmo.

Estamos ainda no plano muito relativo das coisas. Assim sendo, tendo cada palavra o seu lugar e a sua propriedade, cabia-nos o imperativo da nomenclatura.

Geralmente temos sonhos imprecisos, desconexos, freqüentemente interrompidos por cenas e paisagens inteiramente estranhas, sem o mais elementar sentido de ordem e seqüência.

Serão esses os sonhos comuns.

Aqueles em que o nosso Espírito, desligando-se parcialmente do corpo, se vê envolvido e dominado pela onda de imagens e pensamentos, seus e do mundo exterior, uma vez que vivemos num misterioso turbilhão das mais desencontradas idéias.

O mundo psíquico que nos cerca reflete as vibrações de bilhões de pessoas encarnadas e desencarnadas.

Deixando o corpo em repouso, o Espírito ingressa no plano espiritual com apurada sensibilidade, facultando ao campo sensório o recolhimento, embarafustado, de desencontradas imagens antes não percebidas, em face das limitações impostas pelo cérebro físico.

Ao despertarmos, guardaremos imprecisa recordação de tudo, especialmente da ausência de conexão nos acontecimentos que, em forma de incompreensível sonho, povoaram a nossa vida mental.

A esses sonhos chamaríamos sonhos comuns, por serem eles os mais freqüentes.

Por reflexivos, categorizamos os sonhos em que a alma, abandonando o corpo físico, registra as impressões e imagens arquivadas no subconsciente e plasmadas na organização perispiritual.

Tal registro é possível de ser feito em virtude da modificação vibratória, que põe o Espírito em relação com fatos e paisagens remotos, desta e de outras existências.

Ocorrências de séculos e milênios gravam-se indelevelmente em nossa memória, estratificando-se em camadas superpostas.

A modificação vibratória, determinada pela liberdade de que passa a gozar o Espírito, no sono, fá-lo entrar em relação com acontecimentos e cenas de eras distantes, vindos à tona em forma de sonho.

A esses sonhos, na esquematização de nosso singelo estudo, daremos a denominação de «reflexivos», por refletirem eles, evidentemente, situações anteriormente vividas.

Cataloguemos, por último, os sonhos espíritas.

Esses se revestem de maior interesse para nós, por atenderem com mais exatidão e justeza à finalidade deste livro, qual seja a de, sem fugir à feição evangélica, fazer com que todos os capítulos nos sejam um convite à reforma interior, como base para a nossa felicidade e meio para, em nome da fraternidade cristã, melhor servirmos ao próximo.

Nos sonhos espíritas a alma, desprendida do corpo, exerce atividade real e afetiva, facultando meios de encontrarmo-nos com parentes, amigos, instrutores e, também, com os nossos inimigos, desta e de outras vidas.

Quando os olhos se fecham, com a visitação do sono, o nosso Espírito parte em disparada, por influxo magnético, para os locais de sua preferência.

O viciado procurará os outros.

O religioso buscará um templo.

O sacerdote do Bem irá ao encontro do sofrimento e da lágrima, para assisti-los fraternalmente.

Enquanto despertos, os imperativos da vida contingente nos conservam no trabalho, na execução dos deveres que nos são peculiares.

Adormecendo, a coisa muda de figura.

Desaparecem, como por encanto, as conveniências.

A atividade extracorpórea passará a refletir, sem dissimulações ou constrangimentos, as nossas reais e efetivas inclinações, superiores ou inferiores.

Buscamos sempre, durante o sono, companheiros que se afinam conosco e com os ideais que nos são peculiares.

Para quem cultive a irresponsabilidade e a invigilância, quase sempre os sonhos revelarão convívio pouco lisonjeiro, cabendo, todavia, aqui a ressalva doutrinária, exposta na caracterização dos sonhos reflexivos, de que, embora tendo no presente uma vida mais ou menos equilibrada, poderemos, logicamente, reviver cenas desagradáveis, que permanecem virtualmente gravadas em nosso molde perispiritual.

Quem exercite, abnegadamente, o gosto pelos problemas superiores, buscará durante o sono a companhia dos que lhe podem ajudar, proporcionando-lhe esclarecimento e instrução.

O tipo de vida que levarmos, durante o dia, determinará invariavelmente o tipo de sonhos que a noite nos ofertará, em resposta às nossas tendências.

As companhias diurnas serão, quase sempre, as companhias noturnas, fora do vaso físico.

O esforço de evangelização das nossas vidas e a luta incessante pela modificação dos nossos costumes, objetivando a purificação dos nossos sentimentos, dar-nos-ão, sem dúvida, o prêmio de sonhos edificantes e maravilhosos, expressando trabalho e realização.

Com instrutores devotados nos encontraremos e deles ouviremos conselhos e reconforto.

Dessas sombras amigas, que acompanham a migalha da nossa boa vontade, receberemos estímulo para as nossas sublimes esperanças.³

Bibliografia:
1) E.S.E. – Cap. XVIII, item 38.
2) Fonte: Livro dos Espíritos – FEB, 76ª edição. ²
3) Livro: Estudando a mediunidade - Martins Peralva.

Francisco Rebouças