Em se tratando de reforma íntima:

“Fácil é dizer como se faz. Difícil é fazer como se diz. Precisamos fazer mais e dizer menos.

Francisco Rebouças.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Teologias e disparates

O termo “Teologia” é definido pelo dicionário da língua portuguesa como: s.f. Doutrina acerca das coisas divinas; doutrina da religião cristã; doutrina; coleção de obras teológicas de um autor.

É sobre essa última definição para a palavra que me reporto, quando encontro tantas maneiras distintas de interpretação dos ensinamentos cristãos, pois na hora de teologizar, discorrer sobre os princípios teológicos, é que se dá a grande discrepância que se observa em diversas matérias que são encontradas na mídia religiosa, aparentemente falando do mesmo assunto, mas que, na verdade, são absolutamente incompatíveis uns com os outros.

Isso se verifica, em virtude da utilização da Teologia de forma unilateral, exclusivista, que leva invariavelmente ao “fanatismo religioso”. Quase sempre, o Teólogo, aquele que é versado em Teologia e sobre ela escreve, nem sempre tem o necessário cuidado em respeitar o conhecimento e a interpretação de outros estudiosos, das diversas correntes cristãs, ou seja, se acha o único detentor da verdade sobre as mensagens contidas no Evangelho de Jesus.

E, quase sempre, para se imporem com suas TEOMANIAS; “espécie de loucura, em que o doente se julga Deus ou por ele inspirado”, esmeram-se em apresentar termos técnicos de complicado entendimento para os seus ouvintes, normalmente pessoas incultas, de forma eloqüente e fantasiosa, para passar uma visão de que são profundos conhecedores do assunto sobre o qual discorrem e que na maioria das vezes fere a ética e a moral da verdadeira mensagem cristã.

Utilizam-se das interpretações pessoais, eivadas de vaidade e profundamente fanatizadas, para interpretarem ao pé da letra inúmeras passagens bíblicas, que não seriam admitidas como obra de um homem de bem, mas que eles reputam a Deus, Pai e criador de tudo, como se a perfeição absoluta fosse passível de cometer tamanhos absurdos contra sua própria criação.

Alguns desses Teomaníacos chegam a afirmar que o pecado causa sofrimento a Deus, o que é simplesmente um absurdo erro teológico, pois as Leis de Deus não foram feitas para sua punição ou, melhor dizendo, para o reajustamento do que é perfeito e sim para o que precisa de reparação, e, sendo Leis adequadas ao mundo de provas e expiações como o nosso planeta, não teriam a menor validade para os seres em adiantado estado de pureza espiritual, não mais sujeitos às intempéries da matéria grosseira da qual somos portadores; imagina sobre o seu próprio elaborador!

Têm Deus como se humano fosse, e por isso lhe atribuem coisas que não passam de situações humanas no mundo material como o nosso, e se esquecem ou não sabem que Deus não está vulnerável às adversidades a que estamos submetidos por nossa absoluta falta de obediência à Lei Maior de amor e caridade, não sendo, por isso mesmo, admissível que Deus, a Suprema Perfeição, possa estar submetido ou passível às Leis que regem os destinos dos seres humanos.

Talvez o erro mais terrível e grosseiro cometido pelos pseudo-sábios seja justamente o de interpretarem as escrituras ditas “Sagradas” como sendo literalmente a palavra de Deus, sem levarem em conta que um Ser, absolutamente perfeito em tudo, não poderia se manifestar de forma tão imperfeita, grosseira, e até incentivando o crime e o desamor, o que só se pode atribuir a manifestações de Espíritos humanos ignorantes e imperfeitos, e que jamais poderíamos aceitar como sendo palavras de Deus.

O Espiritismo é visto por esses entendidos em “escrituras sagradas” como uma grande ameaça aos seus postos de Pastores do Senhor, a infundir nas mentes atrasadas seus conceitos dogmáticos, exclusivistas, fanáticos, não aceitando que os Espíritos Superiores sejam capazes de se manifestarem aos homens, não obstante viverem apregoando aos quatro cantos da Terra os poderes de Satanás, que seria um adversário de Deus em todos os tempos, e que nem o próprio Deus pôde dar jeito nele, e vive às turras na infindável disputa contra o Gênio do mal.

O Espiritismo vem aclarar a mente de todos os seus adeptos, descortinando o véu da ilusão colocado propositadamente para que não se possa conhecer a verdade divina, como se a verdade pudesse ser privilégio de alguns escolhidos por esse mesmo Deus que, além de tudo, seria imparcial; esclarecendo-nos que tanto os Espíritos imperfeitos quanto os Espíritos bons nos influenciam diariamente e podem perfeitamente comunicar-se conosco.

O Codificador do Consolador Prometido, o nobre Espírito Allan Kardec, nada alterou nos conceitos trazidos pela Bíblia. Como Jesus há 2008 anos não veio destruir as Leis Mosaicas, assim também o Espiritismo só veio para explicar de forma muito mais clara e inteligível as verdadeiras palavras de Jesus, trazendo ao homem os conhecimentos sobre o Espírito Imortal que todos somos, de onde viemos e para onde nos destinamos.

O Espiritismo nos assevera que “fora da caridade não há salvação”, e a caridade verdadeira engloba o dever de respeitar as interpretações dos nossos supostos adversários, não nos sendo facultado o direito de difamar, menosprezar ou mesmo desprezar os irmãos que ainda não se beneficiaram da sublime mensagem espírita, e ao mesmo tempo nos faz compreender que esses que nos difamam, nos caluniam, são, na verdade, merecedores de nossas preces e de nossos sinceros votos de que sigam em paz, tendo em Jesus sua melhor companhia.

Já sabemos que ELE resumiu todas as Leis e os Profetas em: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo”, por isso não devemos entrar pelas tolas provocações de quem ainda não assimilou a soberana mensagem do nosso Mestre Modelo e Guia: Jesus de Nazaré.

Enquanto os ditos líderes religiosos optarem pela falsa profecia, ensinando doutrinas que apregoam conceitos arcaicos e ultrapassados, para manterem seus seguidores a ferro e fogo, as divisões religiosas darão ensinamentos contrários à salutar convivência do ser humano com seu semelhante, aumentando a discórdia e dificultando a paz e a concórdia. Mas, aos poucos, com o amadurecimento espiritual do homem, mais cedo ou mais tarde, essas aberrações estarão deixando de fazer parte da vida dos cidadãos esclarecidos do porvir e essas seitas religiosas farão parte simplesmente da triste história escrita pela humanidade ignorante que já não mais existirá.

Que Deus nos ajude e dê forças para colaborarmos de forma positiva, fazendo o que nos compete fazer, com competência e boa vontade, para que mais cedo possamos todos construir esse futuro de paz, harmonia e felicidade.

Bibliografia:
Bueno, Francisco da Silveira. Dicionário da Língua Portuguesa. MEC, 9ª Edição. Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, FEB, 106 ed., Cap. I, item 1 e Cap. XV, item 8. Kardec, Allan. A Gênese, FEB, 37 ed., Cap. I, item 58.


JFCR.