segunda-feira, 31 de março de 2014
Repercussão do aborto
Levando-se em conta que cada caso
é um caso, e que por isso mesmo as nuanças é que vão determinar as variadas situações
absolutamente individuais no que se
refere às repercussões sofridas pelo espírito eliminado do processo natural de
desenvolvimento de seu corpo em vias de estruturação, procuraremos expor
nosso ponto de vista, embasados pelos conhecimentos que a nobre doutrina dos
espíritos nos oferece nas obras da codificação do consolador.
Em o Livro dos Espíritos,
encontramos os esclarecimentos de como esse desenvolvimento do feto se processa
no útero materno, em resposta dada pelos Imortais da Vida Maior, aos
questionamentos, do codificador sobre o assunto nas questões abaixo:
353.
Não sendo completa a união do Espírito ao corpo, não estando definitivamente
consumada, senão depois do nascimento, poder-se-á considerar o feto como dotado
de
alma?
“O
Espírito que o vai animar existe, de certo modo, fora dele. O feto não tem
pois, propriamente falando, uma alma, visto que a encarnação está apenas em via
de operar-se.
Acha-se,
entretanto, ligado à alma que virá a possuir.”
354.
Como se explica a vida intra-uterina?
“É
a da planta que vegeta. A criança vive vida animal. O homem tem a vida vegetal e
a vida animal que, pelo seu nascimento, se completam com a vida espiritual.”
358.
Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?
“Há
crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá
crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso
que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o
corpo que se estava formando.”
Sabemos que existe uma regra
fundamental que rege a Lei de Causa e Efeito, que poderíamos explicá-la como
sendo mais ou menos assim: A nossa ação boa ou má, sempre desencadeará uma
reação proporcional à intencionalidade da ação praticada; visto que não se pode
admitir que uma ação má, exercida por alguém que ignora seus efeitos maléficos,
possa ter a mesma repercussão em contrário para seu praticante, quanto possa
ter para o que praticou a mesma ação com conhecimento de causa, em sendo pesado
pela Soberana Justiça Divina os prós e contras de ambos os infratores da mesma
Lei.
Exemplificamos, dizendo que uma
ação má, praticada por uma criança, não pode ser punida com o mesmo rigor que a
mesma ação praticada por um adulto, pois isso seria uma tremenda injustiça para
com alguém que desconhece os efeitos perniciosos que sua ação poderia causar,
no caso da criança, o que não pode ser admitido em relação ao adulto infrator.
Do livro Ave, Cristo extraímos
pequeno trecho do alerta dado a uma futura mãe, que tinha a intenção de abortar
o feto que se desenvolvia em seu útero: “(...) Senhora, não recuseis a
maternidade!... Ninguém foge, impunemente, aos desígnios de do Céu!...
A criança ser-lhe-á proteção e
consolo, reajuste e arrimo... Mas, se for consumado o seu propósito de
desvencilhar-se dela...”
Por isso mesmo, a
responsabilidade maior na decisão de praticar ou não o ato criminoso do aborto,
cabe aos encarnados, pai e ou mãe, pois os espíritos desencarnados nada podem
fazer a não ser esclarecer, através dos diversos encontros promovidos com os
envolvidos no processo do aborto no plano espiritual, mais diretamente na hora
do descanso do corpo físico quando os Pais do futuro abortado serão levados às
benditas Estâncias Superiores para o devido esclarecimento sobre os males que
por certo advirão desse ato desumano e inaceitável. Mas, o livre arbítrio dos
Pais, terá que ser respeitado na hora da decisão final, arcando eles com as
consequências dolorosas da decisão equivocada que tomarem.
O espírito, em véspera de voltar
ao mundo carnal, quando de nível evolutivo mais expressivo, pode ter reações
mais moderadas e tolerantes, para com a decisão tomada por seus futuros pais,
que não o desejam. Poderia ser ele, em muitas das vezes, até alguém destinado a
aproximar o casal, restabelecer e fazer prosperar a união, ou, servir de amparo
social e afetivo aos demais membros da família. Lamentará a perda da
oportunidade de auxílio para aqueles a quem ama, e que teria prometido aos
dirigentes maiores da espiritualidade dessa forma agir quando aqui estivesse.
Mesmo depois de ter sido
rejeitado, por decisão de seus pais, não se deixará dominar pelos sentimentos
do ódio ou do ressentimento, mesmo que o ato do aborto o tenha feito sofrer
física e psiquicamente. Refeito da situação dolorosa que participou, em muitos
casos, seguirá ele, mesmo desencarnado, tanto quanto possível, o seu trabalho
de indução mental positiva sobre os cônjuges, no aguardo de que possam se
modificar e se conscientizarem da benção que representa a Maternidade e a
Paternidade na vida do ser encarnado.
Nos casos, em que o espírito que
reencarnaria se encontra nos degraus inferiores da escada evolutiva, suas reações
se farão de forma mais descontrolada, desequilibrada e, sobretudo, mais
agressiva, começando daí em diante em muitos casos uma obsessão, por vingança,
que poderá ter capítulos de sérias tragédias, com consequências desastrosas de
repercussão secular, conforme nos mostra a literatura espírita em várias de
suas obras.
São Espíritos, que se destinariam
ao reencontro com aqueles a quem no passado foram ligados por liames
desarmônicos, com os quais precisa se reencontrar para os devidos reajustes
perante a Lei de Amor e Caridade, e que ao se sentirem rejeitados, devolvem na mesma
moeda o amargo fel do ressentimento, do ódio e da sede incontrolável de
vingança, pois ao receberem o choque das vibrações do desamor e da indiferença,
daqueles de quem esperava receber justamente os eflúvios nobres e salutares do
amor, desesperam-se e revoltam-se.
São no dizer dos Espíritos Superiores,
espíritos infantis na cronologia do desenvolvimento espiritual, e por essa
contingência, empenham-se na perseguição aos cônjuges ou outros envolvidos na
consecução do ato abortivo, ligando-se de tal forma aos personagens da triste
história que na maioria dos casos, permanecem ligados ao Centro de Força ou chakra
(como algumas escolas espiritualistas costumam chamar) genésico materno,
induzindo consciente ou inconscientemente a profundos distúrbios ginecológicos daquela
que desistira o receber como filho.
Em outras tantas situações, empenham-se
na vampirização energética, tornam-se verdadeiros endoparasitas do organismo
perispiritual, aderindo ao Centro de Força ou chakra esplênico, sugando o
fluido vital materno, e não menos odiento em relação ao seu irresponsável e
covarde pai, perseguindo-o da mesma maneira, com todas as forças de suas
paixões odientas e doentias.
Sugere na maioria dos casos, em seus
infelizes pais, a ideia contínua do sentimento de culpa, que deságua no remorso
destruidor, impondo-lhes sérias sequelas psíquicas, que são causas de uma série
de doenças aparentemente sem explicações pela medicina humana; são doenças de
sérias consequências, que determinam o estado psicológico depressivo, de muitas
criaturas, abrindo o seu campo mental ao desequilíbrio emocional que poderá
levar em muitos casos até mesmo às raias da loucura e do suicídio.
Somente a terapêutica espiritual,
desenvolvida através do esclarecimento contido no evangelho de Jesus; da
mudança de postura mental; do respeito ao direito dos outros; da reforma moral;
das boas ações no trabalho do bem; das nobres atitudes em seu próprio benefício,
do seu próximo e da humanidade; da consciência e responsabilidade de todos como
co-criadores; além dos recursos oferecidos pela medicina oficial, reconduzirá
todos os envolvidos ao equilíbrio, embora, frequentemente, essa recuperação e harmonização
sejam longas e trabalhosas.
A observação e o respeito aos
ensinamentos trazido pelo Mestre de Nazaré, resumindo a Lei e os Profetas em
“amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”, nos trará
se assim procedermos, a paz que tanto precisamos e nos fará evitar os males
advindo da não observância da Lei de amor e caridade que nos unirá um dia no
paraíso prometido por ELE.
Bibliografia:
Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos- FEB, 76ª Edição.
Xavier, Francisco Cândido –
pelo Espírito Emmanuel, FEB – 15ª Edição – Cap. IV – pág.88
Francisco
Rebouças.