Em se tratando de reforma íntima:

“Fácil é dizer como se faz. Difícil é fazer como se diz. Precisamos fazer mais e dizer menos.

Francisco Rebouças.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Repercussão do aborto

Levando-se em conta que cada caso é um caso, e que por isso mesmo as nuanças é que vão determinar as variadas situações absolutamente individuais no que se refere às repercussões sofridas pelo espírito eliminado do processo natural de desenvolvimento de seu corpo em vias de estruturação, procuraremos expor nosso ponto de vista, embasados pelos conhecimentos que a nobre doutrina dos espíritos nos oferece nas obras da codificação do consolador.
Em o Livro dos Espíritos, encontramos os esclarecimentos de como esse desenvolvimento do feto se processa no útero materno, em resposta dada pelos Imortais da Vida Maior, aos questionamentos, do codificador sobre o assunto nas questões abaixo:
353. Não sendo completa a união do Espírito ao corpo, não estando definitivamente consumada, senão depois do nascimento, poder-se-á considerar o feto como dotado de
alma?
“O Espírito que o vai animar existe, de certo modo, fora dele. O feto não tem pois, propriamente falando, uma alma, visto que a encarnação está apenas em via de   operar-se.
Acha-se, entretanto, ligado à alma que virá a possuir.”
354. Como se explica a vida intra-uterina?
“É a da planta que vegeta. A criança vive vida animal. O homem tem a vida vegetal e a vida animal que, pelo seu nascimento, se completam com a vida espiritual.”
358. Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?
“Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.”
Sabemos que existe uma regra fundamental que rege a Lei de Causa e Efeito, que poderíamos explicá-la como sendo mais ou menos assim: A nossa ação boa ou má, sempre desencadeará uma reação proporcional à intencionalidade da ação praticada; visto que não se pode admitir que uma ação má, exercida por alguém que ignora seus efeitos maléficos, possa ter a mesma repercussão em contrário para seu praticante, quanto possa ter para o que praticou a mesma ação com conhecimento de causa, em sendo pesado pela Soberana Justiça Divina os prós e contras de ambos os infratores da mesma Lei.
Exemplificamos, dizendo que uma ação má, praticada por uma criança, não pode ser punida com o mesmo rigor que a mesma ação praticada por um adulto, pois isso seria uma tremenda injustiça para com alguém que desconhece os efeitos perniciosos que sua ação poderia causar, no caso da criança, o que não pode ser admitido em relação ao adulto infrator.
Do livro Ave, Cristo extraímos pequeno trecho do alerta dado a uma futura mãe, que tinha a intenção de abortar o feto que se desenvolvia em seu útero: “(...) Senhora, não recuseis a maternidade!... Ninguém foge, impunemente, aos desígnios de do Céu!...
A criança ser-lhe-á proteção e consolo, reajuste e arrimo... Mas, se for consumado o seu propósito de desvencilhar-se dela...”
Por isso mesmo, a responsabilidade maior na decisão de praticar ou não o ato criminoso do aborto, cabe aos encarnados, pai e ou mãe, pois os espíritos desencarnados nada podem fazer a não ser esclarecer, através dos diversos encontros promovidos com os envolvidos no processo do aborto no plano espiritual, mais diretamente na hora do descanso do corpo físico quando os Pais do futuro abortado serão levados às benditas Estâncias Superiores para o devido esclarecimento sobre os males que por certo advirão desse ato desumano e inaceitável. Mas, o livre arbítrio dos Pais, terá que ser respeitado na hora da decisão final, arcando eles com as consequências dolorosas da decisão equivocada que tomarem.
O espírito, em véspera de voltar ao mundo carnal, quando de nível evolutivo mais expressivo, pode ter reações mais moderadas e tolerantes, para com a decisão tomada por seus futuros pais, que não o desejam. Poderia ser ele, em muitas das vezes, até alguém destinado a aproximar o casal, restabelecer e fazer prosperar a união, ou, servir de amparo social e afetivo aos demais membros da família. Lamentará a perda da oportunidade de auxílio para aqueles a quem ama, e que teria prometido aos dirigentes maiores da espiritualidade dessa forma agir quando aqui estivesse.
Mesmo depois de ter sido rejeitado, por decisão de seus pais, não se deixará dominar pelos sentimentos do ódio ou do ressentimento, mesmo que o ato do aborto o tenha feito sofrer física e psiquicamente. Refeito da situação dolorosa que participou, em muitos casos, seguirá ele, mesmo desencarnado, tanto quanto possível, o seu trabalho de indução mental positiva sobre os cônjuges, no aguardo de que possam se modificar e se conscientizarem da benção que representa a Maternidade e a Paternidade na vida do ser encarnado.
Nos casos, em que o espírito que reencarnaria se encontra nos degraus inferiores da escada evolutiva, suas reações se farão de forma mais descontrolada, desequilibrada e, sobretudo, mais agressiva, começando daí em diante em muitos casos uma obsessão, por vingança, que poderá ter capítulos de sérias tragédias, com consequências desastrosas de repercussão secular, conforme nos mostra a literatura espírita em várias de suas obras.
São Espíritos, que se destinariam ao reencontro com aqueles a quem no passado foram ligados por liames desarmônicos, com os quais precisa se reencontrar para os devidos reajustes perante a Lei de Amor e Caridade, e que ao se sentirem rejeitados, devolvem na mesma moeda o amargo fel do ressentimento, do ódio e da sede incontrolável de vingança, pois ao receberem o choque das vibrações do desamor e da indiferença, daqueles de quem esperava receber justamente os eflúvios nobres e salutares do amor,  desesperam-se e revoltam-se.
São no dizer dos Espíritos Superiores, espíritos infantis na cronologia do desenvolvimento espiritual, e por essa contingência, empenham-se na perseguição aos cônjuges ou outros envolvidos na consecução do ato abortivo, ligando-se de tal forma aos personagens da triste história que na maioria dos casos, permanecem ligados ao Centro de Força ou chakra (como algumas escolas espiritualistas costumam chamar) genésico materno, induzindo consciente ou inconscientemente a profundos distúrbios ginecológicos daquela que desistira o receber como filho.
Em outras tantas situações, empenham-se na vampirização energética, tornam-se verdadeiros endoparasitas do organismo perispiritual, aderindo ao Centro de Força ou chakra esplênico, sugando o fluido vital materno, e não menos odiento em relação ao seu irresponsável e covarde pai, perseguindo-o da mesma maneira, com todas as forças de suas paixões odientas e doentias.
Sugere na maioria dos casos, em seus infelizes pais, a ideia contínua do sentimento de culpa, que deságua no remorso destruidor, impondo-lhes sérias sequelas psíquicas, que são causas de uma série de doenças aparentemente sem explicações pela medicina humana; são doenças de sérias consequências, que determinam o estado psicológico depressivo, de muitas criaturas, abrindo o seu campo mental ao desequilíbrio emocional que poderá levar em muitos casos até mesmo às raias da loucura e do suicídio.
Somente a terapêutica espiritual, desenvolvida através do esclarecimento contido no evangelho de Jesus; da mudança de postura mental; do respeito ao direito dos outros; da reforma moral; das boas ações no trabalho do bem; das nobres atitudes em seu próprio benefício, do seu próximo e da humanidade; da consciência e responsabilidade de todos como co-criadores; além dos recursos oferecidos pela medicina oficial, reconduzirá todos os envolvidos ao equilíbrio, embora, frequentemente, essa recuperação e harmonização sejam longas e trabalhosas.
A observação e o respeito aos ensinamentos trazido pelo Mestre de Nazaré, resumindo a Lei e os Profetas em “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”, nos trará se assim procedermos, a paz que tanto precisamos e nos fará evitar os males advindo da não observância da Lei de amor e caridade que nos unirá um dia no paraíso prometido por ELE.

Bibliografia: Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos- FEB, 76ª Edição.
                    Xavier, Francisco Cândido – pelo Espírito Emmanuel, FEB – 15ª Edição – Cap. IV – pág.88 
Francisco Rebouças.