domingo, 27 de dezembro de 2009
Não sabem como convém saber
Desde a época, do seu aparecimento no mundo, o Espiritismo enfrenta grandes dificuldades para se expandir, em virtude de seus opositores usarem de métodos escusos para difundi-lo de forma covarde e propositadamente desvirtuada de sua realidade, incutindo no ignorante a falsa idéia de feitiçaria, magia negra etc.., com que têm até os dias de hoje influenciado, incontáveis criaturas, que ainda não despertaram para uma análise raciocinada de tudo o que lhes é passado por quem também nada sabe a respeito deste assunto.
Desconhecem, que o Espiritismo tem por objetivo o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, e que por isso mesmo toca forçosamente na maior parte das ciências; só podia portanto, vir depois da elaboração delas; nasceu pela força mesmo das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxílio apenas das leis da matéria.
Por isso mesmo, nada poderia sem a permissão do Pai criador da vida, que a tudo preside, e que permitiu sua chegada ao mundo, no momento mais oportuno; com a finalidade de tirar o véu que cobria de mistério os fatos que eram tidos até então como sobrenaturais, maravilhosos, místicos etc., dando-lhes uma explicação racional, perfeitamente compreensível, que só não aceita aquele que tem acima de qualquer fundamento lógico o pré-conceito intocável, a presunção de possuir o conhecimento de toda a verdade, não admitindo sequer analisar sob outra ótica, fazendo-se cego perante a realidade comprovada até mesmo em laboratórios por cientistas de outras correntes religiosas que tiveram que se renderem às evidências.
Allan Kardec, o magistral codificador dessa doutrina de fé raciocinada, concede excelente oportunidade para todos aqueles que sinceramente quiserem uma explicação sobre os equívocos da comparação do Espiritismo com outras práticas que ele mesmo condena e que por isso mesmo não poderia usá-las, no texto que segue; extraído do Capítulo I da Gênese, CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA, item 19. ¹
“Acusam-no de parentesco com a magia e a feitiçaria; porém, esquecem que a Astronomia tem por irmã mais velha a Astrologia judiciária, ainda não muito distante de nós; que a Química é filha da Alquimia, com a qual nenhum homem sensato ousaria hoje ocupar-se. Ninguém nega, entretanto, que na Astrologia e na Alquimia estivesse o gérmen das verdades de que saíram as ciências atuais. Apesar das suas ridículas fórmulas, a Alquimia encaminhou a descoberta dos corpos simples e da lei das afinidades. A Astrologia se apoiava na posição e no movimento dos astros, que ela estudara; mas, na ignorância das verdadeiras leis que regem o mecanismo do Universo, os astros eram, para o vulgo, seres misteriosos, aos quais a superstição atribuía uma influência moral e um sentido revelador. Quando Galileu, Newton e Kepler tornaram conhecidas essas leis, quando o telescópio rasgou o véu e mergulhou nas profundezas do espaço um olhar que algumas criaturas acharam indiscreto, os planetas apareceram como simples mundos semelhantes ao nosso e todo o castelo do maravilhoso desmoronou.
O mesmo se dá com o Espiritismo, relativamente à magia e à feitiçaria, que se apoiavam também na manifestação dos Espíritos, como a Astrologia no movimento dos astros; mas, ignorantes das leis que regem o mundo espiritual, misturavam, com essas relações, práticas e crenças ridículas, com as quais o moderno Espiritismo, fruto da experiência e da observação, acabou. Certamente, a distância que separa o Espiritismo da magia e da feitiçaria é maior do que a que existe entre a Astronomia e a Astrologia, a Química e a Alquimia. Confundi-las é provar que de nenhuma se sabe patavina”.
Nós espíritas, não temos a pretensão de nos auto-proclamar os donos da verdade, mas temos absoluta certeza de que o mundo espiritual é uma realidade incontestável, que podemos nos comunicar com os que nos precederam na viagem de volta à nossa verdadeira pátria, que os que deixaram o corpo de carne estão vivos na vida espiritual, que voltarão a este planeta para continuarem sua depuração através de uma série de existências sucessivas, e que só através da bênção da reencarnação pode o espírito imortal se reajustar com a justiça divina; e que as práticas de que utilizamos, são o constante estudo das obras espíritas que nos ensinam a proceder com bom-senso no desenvolvimento das virtudes do nosso espírito imortal no trabalho da caridade em prol do bem, visando a nossa reforma íntima, e contribuindo positivamente no crescimento moral de toda a humanidade.
1) Capítulo I da Gênese, CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA, item 19
Francisco Rebouças.
O Espiritista