Em se tratando de reforma íntima:

“Fácil é dizer como se faz. Difícil é fazer como se diz. Precisamos fazer mais e dizer menos.

Francisco Rebouças.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

NÃO MATARÁS... a menos que tenhas um bom motivo para isso.

Leda Maria Flaborea
Por milhares de anos essa vem sendo a lei. Enganei-me? Ao leigo, pode parecer que sim. Ao desavisado, pode parecer que haja uma deturpação das palavras de Maomé, Abraão, Moisés ou Jesus. Mas, seus seguidores, afinal, nos esclarecem que a lei é clara.

Não matarás a menos que tenhas bons motivos para isso. E se puder haver um exemplo a ser dado, para que outros não dêem os mesmos motivos, tanto melhor.

Vejamos... a mulher adúltera. Eis aí um belo motivo para se dar um bom exemplo a todos. Que seja apedrejada até sua morte! Ela deu-nos um bom motivo. E é bom que todos vejam, preferencialmente as mulheres, para que não sigam seu exemplo; sobretudo crianças, para que cresçam conscientes. E não nos esqueçamos dos homens que são os cumpridores dessa lei e Deus.

Vejamos... a bruxaria. Fogueira em nome de Deus Pai todo poderoso, que deve ser defendido dos poderes do inferno. Sempre, é claro, em praça pública. Mas, não nos esqueçamos de dar ao condenado o direito ao arrependimento. É um dever cristão. Galileu soube aproveitar-se bem dele.

Vejamos... a pena de morte. Injeção letal, cadeira elétrica, com foto da família da vítima estampada na primeira página do jornal. Já houve casos até de transmissão ao vivo por telão.

Vejamos... a guerra contra o terrorismo. Todos aqui têm bons motivos. Então, fica ainda mais difícil condenar alguém por fugir da Lei. Todos, aqui, estão cheios de boas justificativas, excelentes razões para fazerem o que vêm fazendo. O que se vê, então, é um lado condenando o outro, todos obedientes até suas mortes, fiéis ao seu Deus ou à sua pátria.

Todos, ao longo da História, buscam defender a justiça e a lei de Deus. Não matarás a não ser por um bom motivo. Tomam seus cajados de líderes e donos da verdade. Vence sempre a verdade do mais forte; vence sempre a verdade do mais espetacular, pois o marketing da morte é o que lhe dá legitimidade e aquiescência de todo um povo. Convença-me de que tens um bom motivo e, é claro, estarás absolvido por matares.Irmãos em Cristo! Não permitamos que nosso doce Jesus de Nazaré entre para a História dessa maneira. Não foi justamente ele a salvar a mulher adúltera? Nem Maomé, nem Moisés, podem ter seus nomes limpos por nós, que não somos seus seguidores; deixemos isso a cargo de outros irmãos. Mas, se se diz que a árvore é reconhecida pelos frutos, vamos mostrar melhores frutos do Cristianismo do que esse que temos visto a cada dia em todo mundo. Vamos fazer jus à missão do rabi da Galiléia: tirar do coração o olho por olho e instalar em seu lugar “o atire a primeira pedra quem não tiver nenhum pecado”.

Nunca seremos coniventes com a violência, mas sermos nós, os cristãos, a provocar maiores escândalos do que os que já foram provocados, é deturpar o nome e a obra de um líder, já que a obra dos alunos define o mestre.

Irmãos espíritas! Trabalhar e servir - eis a chave para o entendimento do que acontece ao nosso redor. Trabalhar pelo bem de todos – não importa onde, quando e quem –, servindo sempre que possível. Perdoar setenta vezes sete, disse-nos Jesus – eis o código. Unir esforços em vibrações pacificadoras – eis o caminho.

Lembremo-nos de Gandhi, de Francisco de Assis, de Madre Tereza , de Chico Xavier. Lembremo-nos de todos os anônimos que, pacificadoramente, têm conduzido suas tarefas sobre o planeta, permitindo que o amor, o entendimento e o perdão a companheiros transtornados pelas sombras da rebeldia, que invadem seus corações e mentes, levando sofrimento e desequilíbrios a tantos outros corações, possam ser semeados para que a luz, a esperança e a renovação brotem por toda parte.

Pacificar o mundo ao nosso redor, iniciando por nossos lares é o caminho que a misericórdia divina nos oferece para nossa redenção, com passado tantas vezes comprometido com a desfaçatez, o cinismo e a ociosidade.

Não permitamos que audiências exploradoras contem conosco. Não aceitemos certos espetáculos grotescos e parciais que a todo instante, tentam invadir nossas mentes, convencendo-nos de que esse é o único caminho possível.

No mais, recorramos a Kardec, que veio nos trazer o consolador: Consolemo-nos, usando nossa capacidade de raciocinar, afim de não entregarmos nossa tranqüilidade nas mãos de quem nos levam por caminhos de violência, como se fosse a única opção justa e digna. Queremos justiça ou vingança? O olho por olho ou a primeira pedra? Reflitamos sobre isso à luz do Evangelho.

Violência justificada é o que nos oferecem a cada instante. Mas isso, queridos irmãos, não existe.
Deixemos gravado na História, como obra de cristãos autênticos, o que, na sua simplicidade, Jesus veio nos trazer: “Amarás a Deus sobre todas a coisas e ao próximo como a si mesmo”. E nisso está contido Não Matarás. E ponto final.

O Espiritista