Num desses inúmeros e belos trabalhos, Malba Tahan conta que um homem foi levado a conhecer por breves minutos o Livro da Vida, um livrão onde estava escrito o que iria acontecer na vida de cada um de nós.
A esse livro a pessoa só tinha acesso uma única vez e por breves instantes, durante toda sua existência terrena, e, ao lado do referido livro, havia um lápis e uma borracha para que se pudesse fazer alguma correção, no que se desejasse modificar, e, com isso, alterar o futuro do indivíduo.
Uma vez diante do livro da vida, aquele homem examinou o que iria acontecer na vida de seus inimigos. E tendo ali encontrado prognósticos de felicidades, de saúde e alegrias em suas vidas no porvir, não se fez de rogado; apagou as coisas boas substituindo-as por dissabores, doenças e aborrecimentos.
Quando chegou o instante de abrir a página de sua própria vida, a fim de ler o que lhe estava destinado, eis que o cicerone o adverte de que o seu tempo havia findado, e por essa razão ele não poderia mais continuar a consulta nem por mais um segundo, o que fez com que o nosso personagem saísse dali muito triste e amargurado, pois, sabia que não mais teria outra oportunidade de consultá-lo e modificar para melhor a sua vida.
Mesmo sabendo que o conto acima, trata-se de uma ficção criada pelo inteligente autor, podemos retirar dele inúmeras conclusões para nossas reflexões, pois, muitos de nós ainda vivemos muito mais preocupados com a vida do nosso semelhante do que com a nossa própria vida.
Vigiamos o comportamento do nosso próximo, o que ele faz, como está vestido, como conseguiu comprar o carro novo, quando nós estamos em dificuldades permanentes, o que nos falou o nosso familiar numa hora infeliz de discussão, e que vivemos a remoer em nosso mundo íntimo, sem conseguir digerir a vontade de dar o troco.
Continuamos a dar importância às coisas mesquinhas que nos acontecem, sem valorizar as coisas boas que passam sem que sequer nos demos conta, condenando as atitudes dos outros, sem nos preocuparmos em combater com urgência as nossas imperfeições que são justamente a causa dessa nossa equivocada maneira de viver.
Meditemos, que cada um de nós, tem um determinado tempo para realizar em nosso próprio benefício a reforma íntima de que estamos carentes de realizar e que se continuarmos com os mesmos hábitos perniciosos de que nos utilizamos até o presente momento de nossas vidas, poderemos ser surpreendidos de uma hora para outra pela morte do corpo físico, e só então, nos daremos conta do tempo que desperdiçamos como juízes da vida alheia.
Como nos afirmam os Espíritos Superiores, a encarnação é uma oportunidade que a Soberana Sabedoria do Universo nos concede para nosso progresso e crescimento moral espiritual rumo ao nosso destino final que é a felicidade e a pureza espiritual, e, que esse estado poderá ser apressado ou retardado, dependendo de nossa disposição, de crescer amar e servir cada dia mais e melhor.
Que Jesus nos guarde e guie em sua paz, hoje e sempre!
Francisco Rebouças.