Utilizam-se do termo Espírita “Kardecista”, em lugar de simplesmente Espírita, com a preocupação de não serem confundidos com os seguidores da Umbanda, do Candomblé e de outras tantas seitas. Tal prática, no entanto, ao invés de diferenciar os verdadeiros seguidores da Doutrina Espírita, acabou criando uma idéia equivocada de que poderia existir mais de uma maneira de ser Espírita, ou melhor mais de um tipo de Espiritismo.
Seguindo esse raciocínio, e as lições ali contidas, não precisaremos da utilização de qualquer subterfúgio para nos apresentarmos aos que nos perguntarem sobre a nossa crença, pois nossa resposta estará na ponta da língua: Sou Espírita. Não cabe a nós maiores satisfações, como se tivéssemos que nos defender de ataques sobre quaisquer tipos de práticas de que não fazemos uso.
Seguimos sim, os ensinamentos contidos nas obras codificadas por Allan Kardec, mas somos Espíritas tão somente, visto que o próprio codificador nos afirma no livro dos Espíritos (prolegômenos), “este livro foi escrito por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconceitos do espírito de sistema. Nada contém que não seja a expressão do pensamento deles e que não tenha sido por eles examinado. Só a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e forma de algumas partes da redação constituem obra daquele que recebeu a missão de os publicar”.
No Capítulo XVII, item 40, ele afirma: “Não é uma doutrina individual, de concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É produto do ensino coletivo dos espíritos, ao qual preside o Espírito de Verdade.
E logo após o item 42 do mesmo capítulo, em sua nota de rodapé esclarece definitivamente: “Todas as doutrinas filosóficas e religiosas trazem o nome da individualidade fundadora: o Mosaísmo, o Cristianismo, o Maometismo, o Budismo, o Cartesianismo, o Furrierismo, São-Simonismo, etc. A palavra Espiritismo, ao contrário, não lembra nenhuma personalidade; ela encerra uma idéia geral, que indica, ao mesmo tempo, o caráter e o tronco multíplice da doutrina”.
Enxertar, por tanto, o termo “Kardecista” na palavra Espírita, é aceitar que podem existir outros tipos de Espíritas, o que não é admissível, pois não encontramos essa denominação em nenhuma das obras já citadas, e ainda se abre a brecha para que os que se dizem seguidores do espiritismo, sem levarem em conta os seus postulados apresentem-se sob denominações no mínimo equivocadas diferentes pois da denominação dada pelo codificador aos seguidores da nova doutrina constantes da introdução I do Livro dos Espíritos que estabelece: “ Os adeptos do Espiritismo serão, os Espíritas ou se quiserem os “Espiritistas”.
Por fim, enfatizamos que nada temos contra essas outras maneiras de se seguir o Cristo, visto que o Mestre Maior de todos nós não é privilégio dos Espíritas, no entanto não podemos deixar de esclarecer àqueles que quiserem professar o Espiritismo, que só o encontrarão unicamente na Codificação, e que nela não existe outra denominação para nós adeptos sinceros da verdadeira doutrina Espírita.
JFCR.