De certa forma essa atitude do homem, pode ser explicada não só pela sua imaturidade, como também pela ausência de amor em seu estado presente, o que não lhe faculta uma melhor visão da vida em seus múltiplos aspectos, pois é o amor que ilumina e harmoniza a criatura, é a alma da felicidade que preenche todos os vazios e aspirações do ser humano.
As pessoas carentes e perturbadas pela febre das posses externas acreditam que a felicidade reside na sucessão das glórias que o poder faculta e nos recursos que amealha. Ledo equívoco, por que o tormento da posse aflige e impulsiona a sua vítima a metas cada vez mais desmedidas, tornando sua existência numa busca desenfreada para possuir cada vez mais, não refletindo que a felicidade independe do que se tem momentaneamente, mas sim daquilo que se é, estruturalmente constituído pelo amor, sem necessidades de gestos grandiosos, manifestando-se nos pequeninos acontecimentos e situações naquele que o abriga.
Esta compreensão que o amor propicia conduz à solidariedade nos momentos difíceis, nas grandes dores, na solidão, na amargura que periodicamente aflige todas as criaturas, e que enquanto a pessoa não experimenta o suave envolvimento do amor, vive movimentando-se nas heranças dos desejos, nas teias dos instintos, sofrendo sempre quando os seus interesses não se encontram atendidos e suas aspirações não são correspondidas.
Preciso se faz ao homem entender que nos localizamos no contexto universal, e nossa tarefa essencial é a de auto-iluminação, que logo se desdobra em serviço a favor do progresso próprio e do seu semelhante, mediante a consideração pela ordem, não a violando, nem a submetendo aos caprichos e desejos que lhe predominam no mundo íntimo.
Alimentada pela seiva nutriente do amor, desenvolve-se no indivíduo os demais sentimentos da compaixão e da ternura, da caridade e do perdão, que são as partituras que mantêm as belas, suaves e harmoniosas melodias da vida.
Quanto mais se ama, mais nos inundamos de bênçãos alcançando as demais criaturas e envolvendo tudo a nossa volta, tornando-nos mais sadios, alegres, otimistas, sem preocupação doentia de possuir nada além do necessário para o nosso conforto e manutenção, entendendo definitivamente que os bens materiais não são capazes de nos fornecerem felicidade por mais que os tenhamos em abundância.