“Jesus, porém, chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim as crianças e não as impeçais, porque delas é o reino de Deus” - Lucas, Cap. 18: v 16.
Sabemos que, pais de outras filosofias religiosas, como por exemplo, os irmãos católicos, fazem absoluta questão de terem seus filhos batizados na igreja que pertençam, que façam a primeira comunhão, que confessem, que tomem a hóstia sagrada etc. etc, e por essa razão desde cedo já os encaminham para as aulas de catecismo em que aprenderão a filosofia praticada por seus pais; da mesma forma, os pais consagrados à filosofia protestante, os chamados “evangélicos”, não se descuidam da freqüência assídua dos seus filhos aos templos religiosos de que fazem parte, zelando desde cedo pela orientação religiosa dos seus pequeninos, para que se tornem futuros defensores e divulgadores da filosofia que praticam, e assim por diante.
Enquanto isso, os pais espíritas, inexplicavelmente, adotam um pensamento que particularmente não aceitamos, pois, costumam dizer, que assim como se tornaram espíritas, em sua grande maioria depois de adultos, também deixarão que seus filhos escolham suas opções religiosas depois de crescidos; do que discordamos inteiramente. Constatamos com muita freqüência e tristeza que até mesmo muitos dos amigos que se dizem espíritas e que levam seus filhos para serem evangelizados nas casas espíritas que freqüentam, não sabem dizer se este é ou não o melhor caminho para elas, (as crianças), demonstrando por essa simples dúvida, que na realidade ainda não são verdadeiramente espíritas.
Muitos deles, ainda não se desvincularam das diretrizes seguidas por seus familiares, e por se verem pressionados, e até desprezados por parentes e amigos que professam religiões diferentes da sua, vivem num eterno conflito interior, e por essa razão, muitos dos filhos de pais espíritas são levados por familiares, parentes e amigos para outras casas religiosas, entrando dessa forma em conflito com o que os pais espíritas dizem em relação à religião que não é transmitida dessa forma às crianças nas interpretações que recebem para os mesmos ensinamentos do Mestre de Nazaré, nas instituições para onde são levadas, de forma dogmática e absolutamente ultrapassada, em confronto com a filosofia espírita de seus pais.
Outros ainda, não os levam a lugar algum, e se dirigem às casas espíritas sem a companhia dos seus filhos que ficam em casa, brincando com os amigos, jogando videogame, assistindo os “imperdíveis” capítulos das novelas da televisão, que os encharcam de futilidades e de pornografias inadequadas para suas idades onde aprendem todo o tipo de baixarias, desde traições, até palavras de baixo calão, onde se especializam em ser desde muito cedo, maldosos, desrespeitosos, e a tomarem conhecimento e conviverem com os vícios morais da nossa sociedade, alastrando ainda mais os devaneios da sexualidade que recebe apelo de todos os meios possíveis, nos temas abordados pelas respectivas novelas e pelos comerciais exibidos em horário nobre.
Quando perguntados pelos companheiros, sobre o paradeiro de suas crianças, respondem simplesmente, ficaram em casa, perguntei se queriam vir, mas, não quiseram, então, não forcei, quando desejarem vir, eu os trarei..., agindo assim, equivocada e irresponsavelmente, deixam uma decisão tão importante como essa, sobre os ombros de quem ainda não tem capacidade para saber o que lhe será mais útil e necessário na vida; satisfazendo a vontade dos filhos, quando são os pais, que devem decidir o que é melhor para eles até que adquiriram maturidade e responsabilidade para o fazerem por si mesmos.
Na vida religiosa de nossos filhos, devemos agir da mesma maneira que fazemos quando o matriculamos no colégio para que aprendam a ler e escrever, quando o levamos para vacinar contra doenças da idade infantil, quando o conduzimos para fazer esta ou aquela intervenção cirúrgica para a recuperação da sua saúde e de seu equilíbrio físico e psicológico etc., a esses pais que não conduzem seus filhos aos conhecimentos da moral cristã ensinada pela doutrina espírita, perguntamos: Se seu filho pequeno decidir deixar de ir à escola, você simplesmente concordará com ele; se não quiser tomar o remédio que lhe devolverá a plena saúde de seu organismo, você aceitará e acatará seu desejo; ora, então só na hora de ir ao templo espírita é que sua vontade deve ser respeitada?
Se, nas outras oportunidades aqui citadas, você não concorda com ele, porque ele precisa estar apto a enfrentar as dificuldades da vida, preparado para conquistar uma melhor situação econômica e financeira que lhe possa proporcionar uma vida de tranqüilidade no futuro, e, se você já tem suficiente conhecimento da reencarnação, e sabe que ele não será diferente de ninguém, pois, também não ficará para a semente, por que não lhe propiciar a necessária preparação não só para a vida passageira do plano material, e sim para toda sua vida, quer quando estiver no plano material quer no plano espiritual, que sabemos ser a destinação de todos nós, ainda presos aos compromissos com a Soberana Lei que nos reservará ainda outras inúmeras idas e vindas até nos acharmos inteiramente quites para com a Lei Divina, em paz com nossa própria consciência?
Em o Livro dos Espíritos, os mensageiros Divinos nos esclareceram sobre a importância de utilizarmos de forma correta o precioso período da infância para proporcionar aos nossos filhos a adequada orientação para que lhe sirva de norte a ser seguido, e não temos o direito de negligenciar tão elevada missão confiada aos Pais pela Soberana Sabedoria do Universo, conforme segue:
382. Durante a infância sofre o Espírito encarnado, em conseqüência do constrangimento que a imperfeição dos órgãos lhe impõe?
“Não. Esse estado corresponde a uma necessidade, está na ordem da Natureza e de
acordo com as vistas da Providência. É um período de repouso do Espírito.”
383. Qual, para este, a utilidade de passar pelo estado de infância?
“Encarnado, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.”
582. Pode-se considerar como missão a paternidade?
“É, sem contestação possível, uma verdadeira missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do que o pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões. Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem.”
583. São responsáveis os pais pelo transviamento de um filho que envereda pelo caminho do mal, apesar dos cuidados que lhe dispensaram?
“Não; porém, quanto piores forem as propensões do filho, tanto mais pesada é a tarefa e tanto maior o mérito dos pais, se conseguirem desviá-lo do mau caminho.”
a) Se um filho se torna homem de bem, não obstante a negligência ou os maus exemplos de seus pais, tiram estes daí algum proveito?
“Deus é justo.”
Portanto, queridos irmãos e amigos ESPÍRITAS, é hora de tomar da enxada e arar o campo que nos está confiado, enfrentando a incompreensão dos parentes, familiares, e amigos que por ora, não estão ainda suficientemente capacitados a entender a mensagem espírita, e façamos nossa parte, colocando à disposição desses seres tão especiais que Deus nosso Pai nos emprestou por infinita bondade, o conteúdo Cristão ofertado pela mensagem Espírita, para que desde cedo estejam em contato com os ensinamentos ministrados pelos Espíritos Superiores, sobre as coisas da vida espiritual, e para que também nós, nos capacitemos a maiores e melhores desafios no constante crescimento que precisamos realizar, na busca de nossa redenção perante as Sábias e Imutáveis Leis Universais que regem os nossos destinos concedendo a cada um segunda as suas obras.
Bibliografia:
Evangelho de Lucas, Cap. 18: v 16.
Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos, FEB, 77 edição;
Grifos nossos.