Chegamos mesmo a “declarar guerra”, de conseqüências devastadoras que alastraram a miséria e o terror em quantos não se enquadraram nos princípios da fé que esposamos; promovemos perseguições, inventamos suplícios, construímos prisões, acirramos o embate de irmãos contra irmãos entre tantos quantos discordassem dos nossos pontos de vista, que tínhamos como sendo os únicos verdadeiros. Tudo isso, em nome daquele que nos veio dar seu testemunho de amor e compreensão, entregando-se ao sacrifício da crucificação por devotamento a toda a humanidade.
Naquela época, onde a infantilidade espiritual da criatura humana era evidente, em que a sede de poder e riqueza nos movimentavam a inteligência na busca dos meios de conquistá-las, mesmo que de forma equivocada e até mesmo indecente, Jesus nos veio trazer seu conhecimento e dar testemunho das coisas do espírito que ele mesmo definiu como sendo tesouros que “nem a ferrugem nem os ladrões poderiam consumir”, pois, que não são bens materiais, e, por essa razão não são desse mundo, constituindo-se nas nobres virtudes do Espírito Imortal que somos, e que precisávamos começar a cultivar.
Não tínhamos, até então, a reta visão do verdadeiro sentido da vida, e nos empenhávamos em mostrar pela suntuosidade de nosso poder, riqueza e fama o nosso valor perante a sociedade para dessa forma impor nossos conceitos fraudulentos, na intenção de aumentar ainda mais o nosso poderio em todos os aspectos materiais.
Com o advento da vinda de Jesus ao nosso planeta, tomamos conhecimento da verdadeira grandeza do ser humano, pois, suas mensagens contrariaram todos os nossos interesses maiores, e, por esse motivo, o levamos à cruz pensando que dessa forma nos livraríamos de sua incômoda presença, o que se constatou posteriormente ter sido o maior dos nossos enganos, pois, que ele vive, e está cada dia mais presente em nossas vidas, tornando-se ainda, mais claro e verdadeiro para toda a humanidade os seus sábios e providenciais ensinamentos.
Após sua partida em direção aos paramos da Espiritualidade Superior, nos decidimos pela edificação e construção de palácios, basílicas e templos famosos pela suntuosidade e beleza, pretendendo reverenciar-lhe a memória, esquecidos de que ele, em verdade, não possuía sequer uma pedra onde repousar a cabeça, e que a prática da fraternidade que ele viera nos ensinar, nada tinha das extravagâncias mundanas, pois, como nos ensinara, “o reino de Deus não se conquista com aparências exteriores”, e sim, com as nobres ações em prol do amor e respeito a Deus nosso Pai, e ao nosso próximo, fazendo-lhe toda a caridade que nos seja possível realizar.
Passados dois mil e sete anos, de sua estada em nosso orbe, ainda hoje, fomentamos a separação e a discórdia, construindo barreiras de incompreensão e animosidade, uns contra os outros, nos variados setores da interpretação da palavra dita “sagrada”, e, que por essa razão, só aceitamos como verdadeira a que professamos.
“Estendamos, assim, a fraternidade pura e simples, amparando-nos mutuamente... Fraternidade que trabalha e ajuda, compreende e perdoa, entre a humildade e o serviço que asseguram a vitória do bem. Atendamo-la, onde estivermos, recordando a palavra do Senhor que afirmou com clareza e segurança: - "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros." ²
Que o Mestre de Nazaré nos mantenha em sua paz.
Fonte:
1) Evangelho de João, Cap.13 vv. 35;
2)Livro: Fonte Viva – Chico Xavier/Emmanuel - FEB 1ª edição especial, Cap.15, pág.46.