A sociedade dos nossos dias, composta de homens e mulheres instruídos pela lei da sociedade consumista para ter em detrimento de ser, segue seduzida pelas facilidades desmedidas da riqueza e do poder que rendem luxo, popularidade e os demais gozos efêmeros da matéria perecível, esquecidos de que temos compromissos a realizar em nossa curta passagem reencarnatória por este abençoado planeta de provas e expiações.
“…São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo têm de ser completados; em que o véu intencionalmente lançado sobre algumas partes desse ensino tem de ser levantado; em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual e em que a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso. Então, não mais desmentida pela Ciência, a Religião adquirirá inabalável poder, porque estará de acordo com a razão, já se lhe não podendo mais opor a irresistível lógica dos fatos…” (1)
A maioria de nossa sociedade não se preocupa com o depois da vida física, entendendo que o assunto é de secundária importância, mantendo seus pensamentos no exclusivo intuito de adquirir e acumular valores externos, esperando, dessa forma, resolverem seus problemas íntimos de temor, insegurança, insatisfação, comprovando mais tarde, que as desarmonias internas continuam existindo mesmo depois da conquista de seus sonhos de possuir.
Ocupados pelo desejo de evidência pessoal, não se dão conta de que não estão imunes ao sofrimento e aos acontecimentos desagradáveis da vida de qualquer ser humano, como os naturais fenômenos biológicos a que também estão submetidos e, também pelas ocorrências de fundo moral que nos visitam, inesperadamente, quando menos esperamos.
Gastam o tempo com as futilidades do prazer carnal desmensurado, esquecidos de qualquer compromisso de ordem moral mais elevada para com a vida que, pacientemente, os espera inflexível para convocá-los no momento certo à realidade inevitável do encontro para a prestação de contas.
Embriagados pela passageira alegria que desfrutam, chegam a pensar que jamais perderão as vantagens adquiridas, esquecidos dos excessos impostos à organização fisiológica que estará, sem dúvida, muito mais debilitada em razão do repouso não respeitado, da alimentação inadequada, do consumo de álcool e fumo que lhes mostrarão a visão equivocada da vida.
A Doutrina Espírita solicita-nos o estudo e a vivência dos ensinamentos de Jesus no atual momento da nossa sociedade, para que sua mensagem e seus exemplos não sejam confundidos ou adulterados na sua forma primitiva com fórmulas esdrúxulas ou pelo verbalismo vazio de significado e conteúdo espiritual.
“É necessário aliar os conhecimentos teóricos ao espírito de investigação e de elevação moral, para estar verdadeiramente apto a discernir no Espiritismo o bem do mal, o verdadeiro do falso, a realidade da ilusão. E preciso compenetrar-se do verdadeiro caráter da mediunidade, das responsabilidades que acarreta, dos fins para que nos é concedida.
O Espiritismo não é somente a demonstração, pelos fatos, da sobrevivência; é também o veículo por que descem sobre a Humanidade as inspirações do mundo superior. A esse título é mais que uma ciência, é o ensino que o Céu transmite da Terra, reconstituição engrandecida e vulgarizada das tradições secretas do passado, o renascimento dessa escola profética que foi a mais célebre escola de médiuns do Oriente. Com o Espiritismo, as faculdades, que foram outrora o privilégio de alguns, se difundem por um grande número. A mediunidade se propaga; mas de par com as vantagens que proporciona, é necessário estar advertido dos seus escolhos e perigos”. (2)
A nobre mensagem contida na Boa Nova é uma lição de amor, única capaz de proporcionar a verdadeira felicidade, e quando for largamente divulgada em palavras atos e gestos, será capaz de alterar a conduta moral dos homens, produzindo felicidades.
“Estudando a humildade, vejamos como se comportava Jesus no exercício da sublime virtude.
Decerto, no tempo em que ao mundo deveria surgir a mensagem da Boa-Nova, poderia permanecer na glória celeste e fazer-se representar entre os homens pela pessoa de mensageiros angélicos, mas preferiu descer, Ele mesmo, ao chão da Terra e experimentar-lhe as vicissitudes”. (3)
Jesus, nosso Modelo e Guia, enviou-nos, no momento mais grave da sociedade humana, o Consolador prometido por Ele, para que através do seu enviado, especialmente, preparado para tão grande evento, Allan Kardec o codificador do Espiritismo como providência divina do Pai generoso à Terra aflita, oferecendo ao mundo as diretrizes seguras para a construção da paz e da felicidade.
Referências Bibliográficas:
(1) KARDEC, ALLAN. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB, 112ª edição cap. 1 item 8;
(2) DENIS, LÉON. No Invisível – Introdução;
(3) XAVIER, FRANCISCO CÂNDICO, pelo Espírito Emmanuel. Religião dos Espíritos – Cap. 17.
Francisco Rebouças